Maior cemitério de SP abre covas rasas e emergenciais
Foto: Fábio Vieira/Metrópoles
Uma semana após o estado de São Paulo registrar recorde de mortes por Covid-19, o Cemitério da Vila Formosa, o maior do Brasil e da América da Latina, na capital paulista, iniciou a semana com reforço na abertura de covas.
Em 24 horas, coveiros da necrópole localizada na Vila Formosa, bairro da zona leste da capital, abriram 100 novas covas em uma nova área, a quadra 70, que deve ser utilizada para sepultamento de corpos de vítimas da Covid-19 nos próximos dias.
Nas últimas semanas, essa tem sido a rotina de funcionários do serviço funerário de São Paulo de segunda a segunda. O trabalho começa cedo, às 7h, e segue até às 10h, quando o entra e sai de pessoas enlutadas começa a ficar maior.
O Vila Formosa é dividido em duas necrópoles: o Vila Formosa I e o Vila Formosa II. As funções são divididas assim: quando há sepultamentos no número um, o número dois recebe funcionários com retroescavadeiras para abrir novas covas, e vice-versa. Os enterros no primeiro cemitério são em dias ímpares; no segundo, em dias pares.
A poucos metros da quadra 70, em uma área vizinha, um enorme retângulo de terra avermelhada reunia pequenos grupos de pessoas que se despediam de familiares, amigos ou companheiros. Na manhã de segunda-feira (15/3), o Metrópoles presenciou uma sequência de quatro enterros em aproximadamente meia hora.
A despedida tem que ser contida, como mandam os protocolos de segurança, com distanciamento social. O máximo permitido em 10 minutos de cerimônia é um aceno ao caixão lacrado a distância. Os cumprimentos dolorosos acontecem do lado de fora no cemitério.
O título de maior da América Latina não é à toa. O cemitério da zona leste tem uma área de 679 mil m² em meio a uma extensa área verde. Ao todo, a cidade tem 22 cemitérios municipais e um crematório públicos.
Na semana encerrada no sábado (14/3), o estado de São Paulo viveu a pior semana da pandemia. Ao todo, 2.548 pessoas perderam a vida para o novo coronavírus, uma média de 354 mortes por dia.
O governo calcula que, atualmente, um óbito é registrado a cada cinco minutos pelo novo coronavírus. Somente nestas duas primeiras semanas do mês, o estado teve 4.630 mortes, oito a mais do que em dezembro inteiro.
A situação no Cemitério da Vila Formosa é um termômetro da gravidade da doença. Nos últimos 14 dias, sobretudo após a alta no número de mortes, cerca de 60 corpos são sepultados todos os dias, metade de vítimas da Covid-19. Em janeiro e fevereiro, a média de enterros era menor: 40, em média, segundo dados do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep).
O Metrópoles entrou em contato com a prefeitura de São Paulo, que disse não ter ainda a média de março.
Por conta do coronavírus, os funcionários do serviço funerário municipal têm antecipado o trabalho. Na manhã de segunda-feira, por exemplo, foram abertas as covas que seriam utilizadas na terça (16/3). Para isso, eles têm exumado cadáveres que estão sepultados há três anos para liberar mais espaço aos que chegarão.
Nas muitas quadras do cemitério, um trabalhador com uma retroescavadeira faz a função de abrir cavidades para guardar os caixões debaixo da terra. As covas, que são feitas meticulosamente com a habilidade de quem já se acostumou com a tarefa, têm pouco mais de um metro de profundidade, dois metros de comprimento e 75 centímetros de largura.
A Prefeitura de São Paulo libera diariamente um boletim com dados de sepultamento e mortes na pandemia. Entretanto, a administração não especifica se os números ali apresentados são exclusivos de Covid-19, nem há divisão por cemitério.
Em 15 de março, por exemplo, o município registrou 364 óbitos e 292 sepultamentos. No acumulado do mês, são 4.893 mortes e 3.819 enterros, informa o município. A diferença entre os números existe porque pessoas são enterradas fora da capital paulista. Para efeito de comparação, a cidade teve 7.083 mortes e 5.962 enterros em todo o mês de fevereiro
Após duas horas de permanência, o Metrópoles deixou a necrópole no início da tarde. Às 13h, o movimento de pessoas já era maior do que na manhã. Um cortejo de mais de 10 carros seguiu por uma das quadras destinadas a enterros de vítimas da Covid-19. Ao menos 30 pessoas caminharam até as covas abertas, entre choro e consolo, para dar adeus a alguém querido.
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