Presidente do Senado contradiz Bolsonaro sobre “tratamento precoce”
Foto: Pedro França/Agência Senado
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse a interlocutores que o comitê de crise criado nesta quarta-feira vai basear suas decisões na ciência e nas orientações da comunidade médica. A explicação foi necessária diante da insistência de Jair Bolsonaro de citar o “tratamento precoce”, durante entrevista coletiva, como uma das frentes de trabalho do grupo. O tema não está pacificado como Bolsonaro deu a entender após o encontro entre as autoridades no Palácio da Alvorada.
“No comitê, serão discutidos os problemas e buscadas as soluções. Exemplo: tratamento precoce quem dará a palavra final é a comunidade médica e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, o comitê não levará em conta decisões pessoais, [levará em conta decisões] baseadas na ciência e nas melhores práticas”, explicou uma fonte que participa das discussões.
O anúncio de criação do comitê foi feito após reunião, convocada pelo Executivo, que contou com os presidentes da Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal, ministros do governo e, por fim, alguns governadores mais próximos do presidente, como Ronaldo Caiado (Goiás), Wilson Lima (Amazonas) e Romeu Zema (Minas Gerais)
O Valor apurou que a ideia da criação desse “comitê de crise” foi de autoria do presidente do Senado, o que agradou Bolsonaro. Por isso, Pacheco ficará responsável pela articulação junto aos governadores e ao ministro Luiz Fux, que não pode participar oficialmente em função dos limites constitucionais. Apesar disso, ele será informado frequentemente das ações práticas para alinhar as questões jurídicas.
Segundo um interlocutor, a questão da vacinação foi o principal ponto de convergência da reunião. As divergências ficaram justamente pela questão do tratamento precoce, defendido por Bolsonaro, e pela amplitude do lockdown em Estados e municípios. Isso porque prefeitos e governadores têm opiniões distintas sobre o grau de restrição das medidas adotadas.