Queiroga promete aumentar três vezes o ritmo da vacinação
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No primeiro pronunciamento após tomar posse, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu nesta quarta-feira aumentar em três vezes o ritmo da campanha de vacinação contra a Covid-19 no país. De acordo com Queiroga, é “plausível” passar de 300 mil imunizados por dia para 1 milhão em um curto espaço de tempo porque “o Brasil tem condições de vacinar muitas pessoas”. Ele também se posicionou contra o lockdown, mas defendeu o uso de máscara e regras para garantir o distanciamento social.
Queiroga afirmou que o primeiro compromisso do governo é garantir uma “forte campanha de vacinação” contra a Covid-19. Ele defendeu que houve um esforço do Executivo nos últimos meses para garantir doses dos imunizantes à população, mas admitiu que é preciso avançar mais.
O ministro disse, ainda, que o Brasil vive uma “emergência sanitária de importância internacional” há mais de um ano, que a situação é grave e que o presidente Jair Bolsonaro entendeu que deveria haver um médico no comando do Ministério da Saúde. Na mesma fala, pediu um voto de confiança da população.
— Quando o médico não pode curar, precisa aliviar. E quando não pode curar, nem aliviar, precisa confortar. Um médico precisa ser um especialista de gente — declarou.
Queiroga também garantiu que recebeu autonomia para fazer indicações na pasta, com a criação de uma secretaria especial para cuidar da pandemia do novo coronavírus.
Ele aproveitou para anunciar os nomes da nova equipe. O secretário-executivo será Rodrigo Castro, apresentado como funcionário de carreira do Ministério da Economia. A Secretaria de Atenção à Saúde Especializada será comandada por Sérgio Okane, diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
O novo ministro da Saúde se posicionou contra o lockdown, em sinal de alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro. Ele demonstrou uma mudança de discurso em relação ao uso de equipamentos de proteção, como máscaras, e ações que disciplinem o distanciamento social.
— Quem quer o lockdown? Ninguém quer lockdown. O que nós temos que fazer é adotar medidas sanitárias eficientes. Até porque a população não adere ao lockdown. Vacina, por exemplo, é fundamental. Mas precisamos usar máscara. Máscara é fundamental. É preciso adotar medidas que disciplinem a circulação — defendeu.
Queiroga destacou que o Brasil enfrenta o pico de óbitos e que a situação é grave, inclusive com aumento de pessoas mais jovens entre as vítimas fatais.
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Questionado se o Ministério da Saúde vai manter a orientação sobre cloroquina e hidroxicloroquina, remédios sem comprovação de eficácia para a Covid-19, Queiroga disse que não há “protocolo” da pasta e que compete ao médico, dentro de sua autonomia, receitar os medicamentos que julgar necessários, ainda que off-label (fora da indicação da bula). Ele afirmou, no entanto, que a pasta irá “buscar o que existe de comprovado”.
— É uma relação médico-paciente e caso a caso deve ser decidida. Mas a minha opiniao em relação a essa questão é que temos que olhar para a frente e buscar o que existe de comprovado. E é isso que o Ministério da Saúde vai fazer.
O ministro disse que a pasta vai trabalhar de forma clara sobre os dados da Covid-19, ao ser questionado sobre a mudança feita pelo ministério hoje em relação à compilação dos números passados passados pelas secretarias. Novas exigências fazem os dados caírem substancialmente.
— Vamos colocar os dados de maneira clara, não somente óbitos, mas também sobre disponibilização de leitos, diagnósticos. Vamos fazer de maneira transparente para que a sociedade brasileira tenha confiança no Estado brasileiro — disse Queiroga, pedindo para “olhar para a frente”:
— Vamos em frente, vamos deixar de olhar para o passado. Vamos construir ambiente de harmonia de de colaboração. Fazer com que a população possa aderir às recomendações das autoridades sanitárias.
No discurso, o ministro afirmou que assume a posição com apoio de outras pastas, como a Defesa, para auxiliar na logística, a Casa Civil, na área institucional, e as Comunicações, com ações para informar a população. Os representantes dos ministérios estavam presentes na coletiva de imprensa.
— O Sistema Único de Saúde (SUS), instituído com a Constituição de 1988, prescreve ser a saúde um direito de todos e um dever do Estado, garantido diante de políticas sociais e econômicas — disse Queiroga.
Ele disse que irá pessoalmente visitar os hospitais para ver como melhorar a assistência, como habilitação de leitos ou dar condições adequadas aos profissionais. Questionado sobre o que mudará em sua gestão, ele respondeu:
— O que muda vocês vão ver ao longo do tempo.