Conheça o senador que tentou fazer CPI de idiota

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Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O senador Eduardo Girão (Podemos-RN), 48, morava nos Estados Unidos, em 2018, quando decidiu se candidatar a uma vaga no Senado Federal brasileiro. A decisão do empresário bem-sucedido de voltar ao País e entrar para a política foi motivada por um trauma familiar. Em fevereiro daquele ano, dois filhos adolescentes do senador sobreviveram a um atentado a tiros na escola que frequentavam na Flórida. Dezessete pessoas morreram.

“Minha filha viu um professor ser morto em sala de aula, o professor de geografia, colegas dela também foram assassinados. Eu estava na porta da escola porque era final da UEFA (Liga dos Campeões, competição mundial de clubes de futebol), tinha combinado com meu filho mais velho que a gente ia assistir ao jogo juntos. Acompanhei tudo, a polícia, a chegada da imprensa e os helicópteros. Foi uma coisa muito importante para mim. Sabia que esse debate de arma de fogo ia entrar de alguma forma na pauta”, afirmou ele.

Três anos depois, Girão atua contra a flexibilização do porte de armas no País, uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de discordar do governo nesse ponto, o senador corre por fora para se eleger presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid como nome do Palácio do Planalto.

Um acordo construído pelo G7, grupo dos sete senadores (do total de 11) da comissão que não são governistas, porém, prevê que Omar Aziz (PSD-AM) assuma o cargo, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) seja o vice e Renan Calheiros (MDB-AL), o relator. A eleição está prevista para esta terça-feira, 27.

Mesmo com poucas chances de ser eleito, Girão já conseguiu uma vitória antes mesmo de a CPI sair do papel. O senador do Ceará foi o autor de um dos requerimentos que permitiu ampliar o escopo da comissão e incluir repasses federais a Estados e municípios. A ideia atendeu ao que desejava o Planalto, que quer dividir o foco da investigação para que não mire apenas no governo federal.

O senador cearense rejeita o rótulo de governista e se classifica como independente. No entanto, as pautas defendidas por Girão no combate ao coronavírus são bastante semelhantes ao que prega Bolsonaro. O congressista já fez críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS) e defende o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, algo que nunca teve a eficácia comprovada e pode causar efeitos colaterais adversos.

Girão acredita que o governo errou no tratamento da pandemia, mas considera isso natural devido ao ineditismo do problema. “A pandemia é um quadro severo de crise jamais enfrentado por outros governos. É natural que tenham ocorrido problemas na condução. A CPI pode servir para os devidos esclarecimentos”, disse ao Estadão.

O senador Álvaro Dias (Podemos-PR), líder do partido de Girão, afirmou que há uma distância entre o senador do Ceará e o governo Bolsonaro. “Ele discorda de muitos pontos, inclusive no que diz respeito à pandemia. Ele não concorda com essa incompetência na matéria de compra de vacinas. Tem as suas posições em relação à pandemia, algumas coisas coincidem com o governo, outras não”, declarou Dias.

Novato na política, Girão nunca ocupou qualquer cargo público antes de ser eleito senador. Na campanha, se associou à imagem de Bolsonaro como representante da “antipolítica” na disputa estadual, quando derrotou o então presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).

Empresário do ramo de hotelaria, segurança privada e transporte de valores, declarou um patrimônio de R$ 36 milhões à Justiça Eleitoral. É o quarto congressistas mais rico, atrás apenas do deputado Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG), com R$ 38 milhões, do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), com R$ 239,7 milhões, e do também integrante da CPI, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), com R$ 389 milhões.

No Ceará, Girão é rival do grupo político dos irmãos Ciro e Cid Gomes. Durante as eleições municipais de 2020, o senador doou mais de R$ 1 milhão para a campanha do candidato à prefeitura de Fortaleza (CE) Capitão Wagner (Pros), que enfrentou José Sarto (PDT) no segundo turno. Sarto é do grupo de Ciro e foi eleito prefeito. Em 2022, Girão ou Capitão Wagner pretendem concorrer ao governo do Ceará.

Dentro da Casa Legislativa, o congressista faz parte do grupo autointitulado “Muda Senado”, que tem como pleito principal a investigação de ministros do Supremo Tribunal Federal.

O senador costuma investir parte de seu dinheiro na propagação de ideias conservadores, como na produção de filmes espíritas com mensagens anti-aborto. Ele fundou, em 2004, a Estação Luz, uma produtora de filmes ligados à temática espírita. Entre os filmes distribuídos pela empresa de Girão estão “Blood Money- Aborto legalizado” “Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito” e “As Mães de Chico Xavier”.

“Há uns 20 anos tive Síndrome do Pânico. Foi muito forte na minha vida, o chão abriu e eu tive que repensar valores, foi algo muito impactante, a partir daquele momento comecei a me engajar em causas”, declarou.

O senador classifica como “injustiça” a defesa de segmentos da sociedade para uma flexibilização da legislação atual que pune o aborto. “Essa causa do aborto é uma causa que toca muito a alma porque eu vi uma grande injustiça acontecer, narrativas sobre isso. Comprei um filme dos Estados Unidos chamado Blood Money, um filme que é “follow the money”, uma investigação jornalística mostrando o que está por trás da indústria do aborto. Comprei os direitos desse filme no Brasil e lançamos em São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro e vários estados”.

Um projeto de sua autoria causou polêmica no início do ano ao criar o que foi chamado de “bolsa-estupro”. A proposta prevê ajuda financeira para o filho de mulher vítima de violência sexual. A medida, porém, não chegou a ser votada.

Girão também já foi, por seis meses, presidente do Fortaleza Esporte Clube. Durante a sua gestão, em 2017, o time saiu de um período de oito anos na Série C do Campeonato Brasileiro e foi classificado para a Série B. O ex-presidente do time foi um dos responsáveis pelas articulações que resultaram na contratação de Rogério Ceni como técnico do Fortaleza. O ex-jogador, que fez a carreira em São Paulo, foi responsável por levar o time cearense à primeira divisão do futebol nacional.

Estadão 

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