Entidades da PF criticam aparelhamento da instituição pelo governo
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O perfil mais político do novo diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, virou alvo de críticas na corporação, mas foi comemorado pela Bancada da Bala no Congresso. Os parlamentares ligados à área da segurança pública também aprovaram a escolha do novo ministro da Justiça, Anderson Torres, e destacam que a trajetória política de ambos é um bom sinal de aproximação do Executivo com o Congresso, em especial a área da segurança pública, que se sente relegada pelo governo que ajudou a eleger.
Paulo Maiurino já ocupou cargos de caráter político — diferentemente do seu antecessor, Rolando de Souza, cujo perfil é mais técnico —, o que causou certo desconforto na corporação. Ele ficou afastado da instituição exercendo funções de assessor nas secretarias de Segurança Pública de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. Também foi secretário de Esportes do estado de São Paulo, na gestão Geraldo Alckmin, e secretário de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado.
As ligações políticas de Maiurino fizeram com que entidades policiais emitissem notas pedindo independência dele à frente da PF. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) divulgaram comunicado conjunto no qual afirmaram que a corporação foi abandonada pelo governo de Jair Bolsonaro. No texto, destacaram que se colocam “à disposição para ajudar a proteger e fortalecer a PF”.
O presidente da ADPF, Edvandir Paiva, ressaltou, em entrevista ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — que os integrantes da instituição buscam um novo modelo de gestão, em que a PF não sofra tanto com crises no governo (leia abaixo os principais trechos). Por sua vez, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) propôs uma reunião com Maiurino para reforçar pontos essenciais. Entre os quais, reforçar que a PF “é polícia de Estado, não de governo”.
Já o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Egídio Araújo pediu tempo para que o diretor apresente serviço. “Ele é policial federal, e o que se espera é que exerça sua liderança, dando ênfase ao tecnicismo que os trabalhos da PF exigem. Se vai ser mais político do que policial, preferimos aguardar. É fato que o trabalho policial não deve se pautar pela política”, ponderou.
Na Câmara, o coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, Capitão Augusto (PL-SP) elogiou as escolhas de Torres e de Maiurino e ressaltou que ambos têm histórico de “relacionamento político”. O novo ministro já foi chefe de gabinete do ex-deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) e é benquisto pela Bancada da Bala. “O que está faltando do Executivo para o Legislativo é o diálogo. Com os dois, vai melhorar bastante o diálogo com o Congresso, e é o que nós estávamos precisando”, destacou Capitão Augusto.
Integrante da Frente e agente da PF, o deputado Aluísio Mendes (PSC-MA) frisou que o novo diretor da corporação é uma pessoa com experiência, ainda que esteja afastado da função policial há um certo tempo.
A Bancada da Bala vai preparar reivindicações para levar ao novo ministro. Capitão Augusto enviou, ontem, ofícios a entidades representativas da PF, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar, Polícia Civil e de agentes penitenciários para que apresentem três pautas prioritárias, a serem levadas a Torres em reunião na próxima semana.
Duas das pautas mais importantes para servidores da área, como disse o deputado, são a proteção das carreiras dos policiais na reforma administrativa e dispositivos que os atingiram na proposta de emenda à Constituição já aprovada. “O pessoal quer restituir o que perdemos no governo Bolsonaro”, enfatizou.
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negaram a produção de relatórios para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio. Informações sobre os relatórios foram divulgadas, em 2020, pela revista Época. Em nota, ontem, o GSI, disse que sindicância da Abin concluiu haver indícios de atuação de servidor, “que falseou a verdade e repassou informações à imprensa”. Em vídeo, Ramagem afirmou que houve vazamento “para dar suporte básico de veracidade à construção” das “mentiras da imprensa”.
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