Esmola emergencial ajudará pouco a popularidade de Bolsonaro

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Foto: Marcos Corrêa/PR/Divulgação

O auxílio emergencial que voltou ontem a ser pago à população mais pobre pode ter impacto positivo na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, avaliam analistas políticos ouvidos pelo Valor. O efeito, no entanto, deve ser menor do que no ano passado e tende a se dissipar com o fim do pagamento do benefício. “O auxílio do ano passado nos mostrou que a elevação da popularidade do presidente nos segmentos de baixa renda foi tão provisória quanto a duração do auxílio. Quando o auxílio foi embora, também foi embora parte daquela aprovação”, afirma o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda.

“A verificar se o mesmo acontece este ano: auxílio temporário, popularidade temporária”, prossegue o presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).

Lavareda destaca um número da mais recente pesquisa de opinião feita pelo Ipespe em parceria com a XP: 70% dos entrevistados com renda até dois salários mínimos afirmaram que a economia brasileira vai no caminho errado. Há três meses os trabalhadores informais e desempregados estão sem nenhum auxílio do governo federal. No ano passado, a União pagou benefícios com valores de R$ 600 e de R$ 300 entre abril e dezembro. O auxílio deste ano tem valor mensal entre R$ 150 e R$ 375 e está previsto para ir até julho.

“Os mais pobres estão achando que a economia brasileira vai no caminho errado. Por outro lado há uma aprovação superlativa da população sobre a nova rodada do auxílio. Combinando esses dois fatores você pode dizer que o novo auxílio vai no mínimo estancar a curva de declínio da aprovação do presidente, podendo até resgatar algo que ele tenha perdido de popularidade”, afirma Lavareda.

O cientista político reconhece que os fatos de o valor do benefício ser mais baixo e de o número de pessoas com direito a ele ser menor diminuem a intensidade desse fenômeno de melhora na avaliação do governo Bolsonaro. “Ainda assim é um auxílio, e as pessoas estão desesperadamente precisando dele”, diz Lavareda. O analista lembra ainda que a inflação avançou neste ano e aumentou o preço dos alimentos da cesta básica.

Além da disparada do desemprego e da queda de renda, a pandemia deve seguir afetando a avaliação do governo Bolsonaro pela crise sanitária em si. Ontem, o Brasil registrou pela primeira vez mais de 4 mil mortes em decorrência da covid-19 em 24 horas.

O cientista político Humberto Dantas, diretor de Educação do Centro de Liderança Pública (CLP) e coordenador da pós-graduação em Ciência Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp SP), nota que as quedas na popularidade de Bolsonaro coincidem com as altas no número de óbitos na pandemia: quanto mais mortes, pior a avaliação do governo.

Isso fez o período de maio a junho de 2020 o pior em termos de avaliação do presidente – 45% das pessoas em média considerava a gestão “ruim ou péssima”. O indicador melhorou e ficou em 30% em outubro mas vem se deteriorando e agora está novamente em 45%. Os dados citados pelo professor são uma média móvel de levantamentos feitos por seis institutos de pesquisa desde o ano passado.

“As oscilações de popularidade batem rigorosamente com o número de óbitos”, diz Dantas. “A pergunta agora é: as pessoas estão guiadas pela morte ou pelo bolso? Se as pessoas estiverem se guiado pelo bolso, a volta do auxílio emergencial, por menor que seja, pode causar um impacto importante na popularidade do presidente da República.”

Humberto Dantas lembra que, do ponto de vista da opinião pública, a tendência é que o efeito desse tipo de benefício se “neutralize” com o tempo. “As pessoas passam a ver como um direito adquirido e deixam de louvar um determinado governante por pagar o auxílio”, explica.

Para o professor da Fesp SP, tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto os políticos de oposição vão construir discursos a respeito do novo auxílio emergencial e tentar convencer a população de suas versões. Enquanto Bolsonaro deve usar o benefício como exemplo de que o governo esteve ao lado da população na pandemia e colocar a culpa pela demora para a reedição do auxílio no Parlamento, líderes da oposição vão evocar programas sociais mais abrangentes. “O ex-presidente Lula, por exemplo, tem capacidade de fazer um apelo forte à distribuição de renda promovida durante os governos no PT”, diz Dantas.

Valor Econômico

 

 

 

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