PSL recusa expulsar filiados para Bolsonaro se filiar
Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
O presidente do PSL, Luciano Bivar, sinalizou em entrevista ao GLOBO que será difícil o presidente Jair Bolsonaro retornar à legenda para buscar a reeleição. Ele afirma que o partido “nunca foi de direita”, e que almeja ter uma candidatura em 2022 que respeite as instituições e siga uma agenda liberal. Ele vê dificuldades de compatibilizar esses objetivos com os de Bolsonaro.
— E eu não acredito que o presidente saia da sua linha.
Bivar criticou ainda o “extremismo” e garantiu que não é possível expulsar quadros sem nenhuma justificativa plausível. Uma das condições de Bolsonaro para o retorno era a saída de desafetos.
— Nunca podemos dizer assim: “Você está fora do partido por uma exigência desse e daquele candidato”. Não faz sentido. Sai do partido se quiser.
Bivar criticou ainda a condução do governo federal durante a pandemia. Entende que Bolsonaro errou e que está demonstrado na “quantidade de mortes”.
Leia a entrevista completa.
Apesar do namoro com o presidente, o senhor achou melhor não expulsar desafetos do presidente no PSL?
Isso não foi posto na mesa de forma pessoal. O que a gente ouve é muita especulação sobre isso. Essas discussões se encerram muito no âmbito dos parlamentares. Os parlamentares que estão na base do Bolsonaro e os parlamentares do PSL que estão fora da base, que são independentes. Isso é o que se especula sobre eles. Mas aqui, para a decisão da Executiva, não veio nenhuma condição específica, determinante, e que por isso ou por aquilo se faça isso. Não houve nenhum protocolo nesse sentido.
Mas o senhor teria resistido nessas expulsões.
Uma coisa é certa: o PSL, a exemplo do que aconteceu em 2018, não será coadjuvante. O PSL vai ter sua opinião própria em relação ao nosso país. Tem muitas coisas em 2018 que efetivamente não foram atendidas. E nós esperamos que em 2022 o PSL tome um partido de uma candidatura que venha a atender aquilo que não atendeu em 2018. As coisas que ficaram mais para trás. Esse é o sentimento que paira no partido.
Ou seja, um nome diferente do Bolsonaro.
A gente luta pelo ideal, não pela fulanização. Certo? O partido é impessoal, formado por ideias, por objetivos dentro do que a sua totalidade entende o que seja melhor para o país. Isso é o nosso norte. O PSL acha-se, pela condição em que está hoje, de não ser coadjuvante em 2022. Isso não vai ser.
Vai ter candidatura própria ou ser vice de alguém?
Pode ter uma candidatura própria. É uma discussão que nós vamos fazer muito em breve. Uma discussão preliminar vamos ter na quarta-feira, 28, e vamos ter uma maior com todos os que ingressaram no partido. Com o governador do Tocantins. Como os novos diretórios que foram formados, o do Amapá, também no Maranhão, pelos novos diretórios que estão sendo formados. Então, vamos ter uma discussão ampla, com todas essas pessoas, para saber o que nós vamos fazer efetivamente.
Como seria possível presidente retornar diante de todas as brigas?
A gente não está preocupado em querelas. Você sabe como é o mundo político. Sabe como o Ciro Gomes faz. Fala uma coisa hoje e amanhã ele beija. Assim é Lula. Assim é o próprio Bolsonaro. O PSL não está preocupado com o disse me disse. Está preocupado com o programa de governo. Num programa que se identifique com as diretrizes do partido. Quando o Bolsonaro veio para o partido, nós assinamos um protocolo. O então deputado federal Jair Bolsonaro e o então presidente nacional do partido, Luciano Bivar. Nós assinamos um protocolo, preservando as instituições, sendo dentro da economia de mercado, respeitando os valores tradicionais, mas também uma economia liberal. E costume que se entende moderno, porque a ciência social é evolutiva. No passado a gente vivia na barbárie. E aos poucos vamos evoluindo. Então, o PSL vive hoje com a contemporaneidade. Então, essa é a nossa preocupação. O que se falou no passado, um deputado agredir outro, um agredir todos… Se você começar a levar em conta pequenas coisa, não sobra para ninguém em lugar nenhum. Isso é um Big Brother, num outro sentido. Você vai sempre, para alcançar o poder, vai falando coisas negativas. Isso acontece também nas eleições primárias americanas. Então, por que nós não façamos uma experiência de primárias agora? Para a gente saber quem realmente se encaixa melhor no que o PSL vai apoiar ou o PSL vai ser apoiado. Isso é o que a gente precisa.
Em relação às candidaturas nos estados, já dá para saber em quantos estados o PSL terá candidatura própria?
Hoje, o governador de Rondônia voltou a se interessar a permanecer no PSL. O governador de Tocantins também. Então, todos os governadores que realmente quiserem andar numa linha que fica longe do extremismo, nós estamos dispostos a conversar.
O senhor fala do extremismo. Esse foi um ponto que afastou o Bolsonaro do partido neste momento?
Eu não conversei com o presidente. Eu acho que o PSL vai ter uma candidatura própria. Isso o PSL vai ter.
Para esclarecer, o namoro do PSL esfriou porque o senhor resistiu a abandonar alguns deputados que são vistos como obstáculo para a volta de Bolsonaro.
Não se pode fulanizar. O partido é maior que eu. Há um grupo de parlamentares, que estão lá juntos, e se sabe que qualquer um deles tem o direito de se expressar, se defender, como qualquer um deputado também de outra ala que seja cegamente seguidor do Planalto. Mas o que eu digo: nunca podemos dizer assim: você está fora do partido por uma exigência desse e daquele candidato. Não faz sentido. Sai do partido se quiser. A Joice mesmo se afastou do partido por decisão dela.
Ela está afastada?
Ela deixou de comparecer a reuniões do partido. É um direito dela.
Não foi levado então ao senhor essa exigência, mas essa informação chegou até nós. Há chance de Bolsonaro sair candidato pelo partido com os deputados adversários na legenda?
Desculpe se sou pretensioso. Mas o partido é maior que todos nós. Se as pessoas não rezarem de acordo com o que a gente imagina, de uma economia liberal, de um partido que privilegia e admite as instituições… Eu passei por uma banca da faculdade de Direito. Se você não acreditar nas instituições, está ferrado. Elas são feitas por pessoas. Então, elas são suscetíveis de erros, porque são humanos. Mas é o que nós temos aí. Se não apoiarmos as instituições existentes no país, a gente volta à barbárie. Não é possível isso. Então, o PSL defende veementemente as instituições desse país. Não podemos admitir nenhuma campanha contra o Executivo, o Legislativo, o Judiciário. Vamos deixar que cada um, dentro de sua competência, esgote o limite legal de suas reivindicações, de seus protesto, mas dentro absolutamente de seus limites legais. E dos limites do bom senso e do respeito. Isso é do PSL. Não podemos fazer diferente disso.
Neste sentido, o presidente excedeu o seu papel ao atacar prefeitos e governadores e o Judiciário?
Veja bem, sei que o leitor quer ver a coisa bem cristalina. Mas eu só posso falar em linhas de princípio. Não posso fulanizar nada. O presidente do PSL representa uma instituição. Não representa nem a sua opinião própria. Assim seremos e vamos em frente. Sei que o seu leitor é inteligente vocês são competentes para escrever o que estou dizendo.
Sim ou não, Jair Bolsonaro ainda tem chance de sair candidato pelo PSL?
Nós não somos intratáveis, tá certo? Mas o presidente tem a sua linha. E eu não acredito que o presidente saia da sua linha. Eu não acredito.
O partido caminha mais para o centro?
O nosso partido é centro-liberal. Se me perguntar sobre Ciro Gomes, ele é centro-esquerda. Nós somos centro-liberal. Então, é diferente. A gente quer a privatização das empresas. Quanto mais você der responsabilidade às pessoas, melhor. Acho muito sublime e muito idealista a situação da esquerda, quando ela acredita nas pessoas representando as instituições. Mas, o que tem mostrado a História, quando essas pessoas representam as instituições… Ou mesmo um clube de futebol. Quando ele assume a presidência ele quer é ganhar um campeonato. Ele vende até a água da piscina para comprar jogador. E depois deixa o clube à bancarrota. Então, no país você tem que ter responsabilidade. O presidente do clube precisa ter responsabilidade.
PSL nunca foi partido de direita?
Nunca foi. O PSL é um partido liberal.
Como o senhor vê a política de combate à pandemia do governo federal?
Foi muito mal administrado. O resultado não precisa dizer. Está aí a quantidade de mortes, falta de medicamentos complementares para atenuar aqueles que estão sofrendo da pandemia. E isso não tenho dúvida. A gente não seguir à risca o que a ciência falou. Isso não tenho dúvida de que foi um erro muito grande do planejamento do Ministério da Saúde.
Essa CPI pode ajudar a esclarecer as responsabilidades do governo federal?
A CPI é uma ferramenta do estado democrático. O Legislativo só pode cobrar o Executivo ou próprio Judiciário através de CPIs. É a ferramenta que tem. Isso não quer dizer que a CPI tem o dom da espada, que é da Justiça. A espada fica na Justiça. Como a balança também é da Justiça. Mas a CPI pode apontar que houve falhas, demandar transparência. Você não pode justificar o que aconteceu no Amazonas sem esclarecer os fatos. Trazer aquele médico lá em Manaus e esclarecer. Como é que você não se cuida de ver o abastecer o oxigênio para atender à demanda? Aí ele vai ter que explicar por quê. A CPI serve para isso. Esclarecer e para as pessoas não ocuparem cargos da administração pública e acharem onipotentes. Não são. Estamos num sistema democrático.
Por parte de Bolsonaro, também houve erros?
O presidente subestimou muito a ciência. Isso é óbvio e notório. Mas isso foi o intuitivo dele. Todos nós temos o nosso intuitivo.
O PSL realmente terá candidato próprio?
O PSL não será coadjuvante. Vai ter um candidato próprio, filiado ao PSL.
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É uma possibilidade o Huck?
Se ele se adequar ao preceitos do partido, é um nome a se discutir pela Executiva Nacional.
Quais outros?
O quadro brasileiro é muito largo. Há Huck, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite, Rodrigo Maia, Mandetta, há várias pessoas que são quadros respeitáveis e que é suscetível de o PSL analisar.
Há conversas sobre a filiação de algum desses nomes?
É mais fácil eles conhecerem o partido e saberem se querem conversar do que nós conhecermos o subjetivo deles. Porque o partido é uma instituição. Está tudo definido e registrado em cartório. A cabeça deles não estão.
Qual será o papel do tempo de TV nas eleições?
É natural, quanto mais mais tempo de televisão, mais interessante é para você divulgar as suas ideias. Embora haja as redes sociais, elas não têm nem editoriais. Então é importante que se tenha um tempo de televisão oficial para expor suas ideias.
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