Raposa da política, Renan prevê Lula como candidato do centro

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Foto: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo

Uma ala do PT não esconde a euforia com a perspectiva da candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e expectativa de vitória, amparada na convicção de que 2022 repetirá a bem sucedida campanha de 2002.

Naquele ano, o Lulinha “paz e amor”, candidato de uma aliança do trabalho com o capital, representado pelo vice e empresário mineiro José Alencar, fez a “esperança vencer o medo”, para relembrar o “slogan” daquela eleição.

Não é aleatório, portanto, que Lula tenha exclamado em seu recente discurso em São Bernardo do Campo: “Não tenham medo de mim.”

Nesse contexto que o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que se tornou interlocutor frequente de Lula para as questões da pandemia, afirma que o ex-presidente desponta hoje no cenário como “uma injeção de esperança em meio a um rastro de sangue”.

Embora prevaleça no mundo político o temor da polarização, a bússola petista pode envergar para o meio. Antigo aliado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse ao Valor nesta semana que Lula será o candidato do centro em 2022.

Nessa linha, o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, afirmou em entrevista a esta coluna que a prioridade do partido no Rio de Janeiro para 2022 não será uma candidatura própria ao governo, mas, sim, uma coligação que contemple o prefeito Eduardo Paes, do DEM, como “aliado prioritário”.

Ontem a última rodada da pesquisa XP/Ipespe alvoroçou os céticos e os otimistas no PT: Lula e o presidente Jair Bolsonaro continuam tecnicamente empatados na liderança da disputa presidencial, mas o petista apareceu pela primeira vez numericamente à frente.

Lula tem 29% das intenções de voto, contra 28% de Bolsonaro. Na sondagem anterior, Lula tinha 25%, e Bolsonaro, 27%.

Escaldados com os sucessivos revezes do PT nos últimos anos, a turma de céticos, entretanto, tenta trazer os nefelibatas da sigla ao rés do chão. Alertam que há uma maratona pela frente, com obstáculos, e salto com vara.

A conjuntura é mais grave do que há 20 anos, contempla um impeachment e uma pandemia no meio do percurso, e não adianta apostar somente na memória do povo de que “a vida era boa no governo Lula” porque não se pode viver de legado.

“Pra chegar em 2022 tem 2021 pela frente, o Brasil de hoje não é mais o de 2002, o golpe de 2016 mudou totalmente o caráter do Estado brasileiro, que hoje vive num governo sob tutela militar”, adverte o ex-presidente do PT, deputado Rui Falcão (SP).

Na corrida de obstáculos, o primeiro é o julgamento do Supremo Tribunal Federal no próximo dia 14, quando o colegiado votará pela confirmação, ou não, da decisão do ministro Edson Fachin de anulação das condenações impostas a Lula pelo ex-juiz Sergio Moro. Entretanto, a perspectiva é solar: o ministro Gilmar Mendes afirmou em entrevista ao Valor que a tendência é a Corte ratificar a sentença de Fachin.

Além disso, é preciso rearticular o PT com os potenciais aliados, principalmente do Centrão; é preciso reconectar o partido com sua base social, que se dispersou nas últimas eleições; é preciso trazer o Psol, e não deixar o PSB fechar com o PDT – ou com um “outsider”, como defende uma ala dos pessebistas. E é preciso definir o papel de Fernando Haddad nesse processo, e como ampliar o seu espólio de 47 milhões de votos do pleito de 2018.

Nas recentes entrevistas, Lula tem reiterado que é cedo para tratar de eleição. “Esse ano de 2021 eu não quero discutir 2022”, disse no dia 1º ao jornalista Reinaldo Azevedo. Internamente, entretanto, as articulações estão a todo vapor, mas, segundo dirigentes petistas, sem Lula na política miúda.

“Nós da direção estamos tratando de eleição, ele quer ficar fora do xadrez, ele agora vai fazer a grande política”, disse à coluna o vice-presidente Washington Quaquá.

Um dos lances que encurralam o PT é como reconquistar o eleitorado do “Triângulo das Bermudas”, porque mesmo com apoio expressivo do Nordeste, onde Lula ainda deverá nadar de braçada, não se vence eleição sem votação relevante em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

“Temos que repetir as votações tradicionais em São Paulo, e recuperar o que perdemos no Rio de Janeiro e em Minas”, confirma Quaquá, que foi presidente do PT fluminense.

Ele pondera, entretanto, que houve uma recuperação importante do PT no Rio de Janeiro na última eleição municipal. Segundo ele, o partido saltou de 96 mil votos nos candidatos petistas na eleição de 2016 para 545 mil votos em 2020.

Quaquá aposta na recomposição do PT fluminense pelo diálogo amplo com a esquerda e com a direita, e cita interlocutores como Marcelo Freixo (Psol), Eduardo Paes, e diz que Rodrigo Maia, que deve migrar para o MDB, está no radar. “Não é prioridade lançar candidato a governador, o Paes é um aliado prioritário”, diz o dirigente petista.

Quaquá está convicto de que o voto lulista dos municípios da Baixada Fluminense está preservado. Lembra que Lula, ainda preso, tinha 65% de intenção de votos na região em 2018. Naquele pleito, entretanto, os votos em Lula migraram para Bolsonaro.

“Minha leitura não é sociológica, é psicológica”, diz o dirigente petista. “O povo queria um pai, e Lula era o pai bondoso, generoso. Sem ele, os eleitores escolheram o pai severo. O [Fernando] Haddad não tinha esse perfil”.

Alexandre Padilha não vê excesso de otimismo no PT com a potencial candidatura de Lula em 2022. “Não está desse jeito, o pessoal está escaldado”, assegura o ex-ministro da Saúde. “Ainda há muito enfrentamento pela frente com Bolsonaro, há um rastro de desemprego, de pobreza, o Brasil se tornou um pária internacional”, diz, listando os problemas a serem enfrentados pela oposição.

Padilha afirma que antes de debater 2022, Lula agora quer discutir com políticos, empresários e cientistas caminhos para conseguir mais vacinas, combater o desemprego e ampliar o crédito para pequenos empresários.

“Um comanda é com o hoje, não é com o ontem”, ensina Riobaldo em um trecho do “Grande Sertão: Veredas”. Lição que vale para os alvoroçados do PT: é preciso vencer a travessia do hoje, porque o ontem, dos tempos da bonança do governo Lula, ficou para trás.

Valor Econômico 

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