Apesar de Bolsonaro, Exército abre procedimento contra Pazuello
Foto: Reprodução/ CNN
O Exército decidiu abrir um procedimento disciplinar contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por ter ido ao ato no Rio de Janeiro com o presidente Jair Bolsonaro. Como general da ativa, ele só poderia ir participar com autorização do comando do exército, o que não ocorreu.
A investigação irá avaliar se ele descumpriu o Regulamento Disciplinar do Exército, que prevê punição caso “manifeste-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”.
Pazuello foi notificado pelo Exército Brasileiro ainda na noite desta segunda-feira (24) sobre a abertura da apuração. A ideia inicial era que o ex-ministro fosse informado pessoalmente pelo comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, mas fontes das Forças Armadas informaram à CNN que ele não chegou a tempo do Rio de Janeiro.
Inicialmente pensou-se uma reunião pessoalmente entre Nogueira e Pazuello na manhã desta terça-feira (25), mas a reunião foi cancelada.
O episódio é mais uma demonstração da irritação do Alto Comando do Exército com Pazuello. Militares consideraram a participação dele no ato com Bolsonaro uma afronta e agora pressionam para que ele vá para a reserva.
O artigo 24 do Regimento prevê seis tipos de punição:
“I – a advertência;
II – o impedimento disciplinar;
III – a repreensão;
IV – a detenção disciplinar;
V – a prisão disciplinar; e
VI – o licenciamento e a exclusão a bem da disciplina.”
Pazuello será chamado a se manifestar e apresentar sua defesa. A expectativa é de que o procedimento dure até 30 dias.
Procurado pela CNN o ex-ministro da Saúde não retornou as ligações.
O Alto Comando do Exército vai pressionar Eduardo Pazuello a pedir aposentadoria e, caso ele resista, debaterá alternativas para forçar o ex-ministro da Saúde a deixar a instituição. A situação interna, segundo generais, nunca esteve tão ruim.
Em conversa com Pazuello após o ato de domingo, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, orientou-o a ir para reserva. A solução é considerada pela força a mais diplomática, pois agradaria ao Alto Comando que poderia atenuar sua punição por ter ido ao ato com Bolsonaro. Pazuello, porém, resiste à ideia. Generais continuarão a debater essa possibilidade com ele.
Caso ele mantenha a resistência, alternativas estão sendo avaliadas pelo Exército. Uma delas é a promoção de oficiais generais de turmas mais novas, o que automaticamente o levaria à reserva. Outra é uma punição tão severa pela ida ao ato que o force a pedir aposentadoria.
O general Eduardo Pazuello esteve, sem máscara, em um ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro, também sem máscara, neste domingo (23) no Rio de Janeiro. A participação aconteceu dias depois de o militar falar à CPI da Pandemia, no Senado.
O depoimento à comissão deveria ter acontecido no começo do mês, mas foi adiado em duas semanas depois de Pazuello ter contato com casos suspeitos de Covid-19. Ele chegou a enviar uma carta ao Exército pedindo o adiamento. O general também havia sido flagrado sem máscara em um shopping de Manaus.