Centrão sugere a Bolsonaro comprar votos com auxílio de R$ 400
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
O que Jair Bolsonaro finge não ver o Centrão já enxergou faz tempo.
O presidente está com a popularidade em baixa e tem poucas chances de reverter sua queda.
A má condução da pandemia, como se sabe, foi fundamental para arruinar a aprovação do ex-capitão. Nesse quesito, porém, o máximo que ele conseguirá é parar de piorar.
Embora tudo indique que a maior parte dos brasileiros estará vacinada até o fim do ano, a imunização tardia da população não apagará o marco das 500 mil mortes por covid-19 que o país fatalmente atingirá até lá e que cairá na conta do ex-capitão.
Na área da economia, Bolsonaro tampouco pode ter grandes esperanças.
Apesar da melhora nas projeções de crescimento, o tempo corre contra ele.
Em 2022, o Brasil deve sair do fundo do poço, mas não a ponto de conseguir a redução da miséria ou a diminuição drástica do desemprego – ou seja, não a ponto de produzir no eleitorado uma percepção de melhora na qualidade de vida que chegue a alavancar Bolsonaro.
E é por esse motivo que líderes do Centrão deram na semana passada um ultimato ao presidente: ou ele turbina o auxílio emergencial para 400 reais ou será derrotado nas urnas em 2022.
A renovação do benefício, aprovada em março por PEC emergencial, vale até agosto e começou a ser paga neste mês, no valor médio de 250 reais.
A avaliação de lideranças do Centrão é que só um benefício significativamente maior que esse conseguiria fazer o candidato Bolsonaro penetrar no segmento do eleitorado de mais baixa renda — até hoje fiel ao ex-presidente Lula. Na última pesquisa Datafolha, o petista aparece 18 pontos à frente de Bolsonaro no primeiro turno; e vence o ex-capitão por 55% a 32% dos votos nas projeções para o segundo turno.
Em entrevista publicada hoje pelo jornal Valor, o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, partido do Centrão, disse acreditar na reeleição de Bolsonaro. Mas lembrou ter um “carinho enorme” por Lula.
O Centrão, como até Bolsonaro sabe, carrega a alça do caixão, mas não pula dentro da cova.
Hoje, ele quer 400 reais para continuar segurando a alça.
E isso não é uma sugestão, mas um aviso.