Confira pontos de divergência entre Bolsonaro e Barra Torres

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Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Durante depoimento à CPI da Covid, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, divergiu do presidente Jair Bolsonaro em questões que envolvem vacinação, isolamento social e uso de máscara. Barra Torres também afirmou que pesquisas atuais vão contra a possibilidade do uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírus e o medicamento deve ficar fora do tratamento precoce, como Bolsonaro defendeu diversas vezes. Ao comentar declarações do presidente contra a vacina chinesa CoronaVac, o chefe da Anvisa disse que isso gera uma guerra política e “não ajuda”.

Veja os momentos em que Barra Torres discordou de Bolsonaro:

Vacinação

Após o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ler várias declarações do presidente Jair Bolsonaro contra vacinas e questionar o que Barra Torres achava a respeito, o presidente da Anvisa deixou claro que pensa de forma diferente. E ainda recomendou que a população não siga esse tipo de conduta.

— Todo o texto que Vossa Excelência leu vai contra tudo o que nós temos preconizado nas nossas manifestações públicas. Então entendemos, que ao contrário do que o senhor acabou de ler, que a política de vacinação é essencial. Temos que vacinar as pessoas. Não é pelo fato de vacinar que vai abrir mão de uso e máscara, distanciamento e álcool em gel.

Depois acrescentou:

— Nós temos sim que nos vacinar. Se todos nós estamos sentados nesta sala é porque um dia pai, mãe ou responsável nos levou pela mão para vacinar. Discordar de vacina, falar contra vacina não guarda uma razoabilidade histórica inclusive. E essas outras medidas inclusive. Eu penso que a população não deva se orientar por condutas dessa maneira. Ela deve se orientar por aquilo que está sendo preconizado principalmente pelos órgãos da linha de frente no enfrentamento à doença.

Isolamento social e máscara

Barra Torres também deixou claro que tem ideias divergentes do presidente Jair Bolsonaro sobre medidas de distanciamento social e uso de máscaras durante a pandemia da Covid-19. O presidente da Anvisa ressaltou que suas ações são baseadas no que a ciência determina.

— Destarte da amizade que tenho com o presidente, a conduta do presidente difere da minha nesse sentido. As manifestações que faço têm sido todas no sentido do que a ciência determina. Na última live que participei com o presidente, inclusive, permaneci o tempo de todo de máscara. São formas diferentes, de pessoas diferentes — disse o presidente da Anvisa.

Indagado sobre a sua participação em uma manifestação, ao lado do presidente da República, em março do ano passado, Barra Torres afirmou que ainda não havia orientação para uso de máscaras no momento. Ele disse que, se tivesse pensado melhor, não teria ido ao ato.

— Estive em conversa particular com o presidente. Quando cheguei, ele se deslocou para movimentação… Cumprimentei com o cotovelo. Tirei algumas fotos. Cada um foi para seu lado. Eu tenho plena ciência que, se tivesse pensado mais cinco minutos, não teria feito. Não refleti na imagem negativa. Depois disso, nunca mais houve esse tipo de comportamento meu — afirmou.

Aglomeração

A senadora Eliziane Gama (Cidadania -AM) citou a aglomeração promovida por Bolsonaro no último fim de semana, quando ele se encontrou com centenas de motociclistas em Brasília.

— Sou contra qualquer tipo de aglomeração nesse sentido — comentou Barra Torres — Qualquer coisa que fale de aglomeração, não usar álcool, não usar máscara e negar vacina são coisas que não têm nenhum sentido, no ponto de vista sanitário.

CoronaVac

O senador Humberto Costa (PT-PE) perguntou a opinião de Barra Torres sobre as declarações de Bolsonaro contra a Coronavac após ser relatada a morte de um voluntário no ano passado. Depois, foi constatado que o óbito não teve relação com a vacina.

— Eu entendo que não ajuda. Eu coloco esse tipo de declaração numa verdadeira guerra política numa área que deveria ficar eminentemente na área da ciência. O evento adverso que ocorreu não envolve nem deformidade nem nenhum tipo de transformação, foi um óbito, foi uma morte. Então, é bastante específico e pontual — disse o presidente da Anvisa.

E acrescentou:

— Quando isso vem num cenário de forte ação política de ambos os lados – se é que se pode dizer lados, partes envolvidas, que, na verdade são inúmeras – chegamos a uma situação ruim, onde a ciência acaba se misturando com a área política, não é adequado. A política é muito boa para as áreas políticas, não para as áreas da ciência.

Cloroquina

Barra Torres afirmou que, até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. Para ele, o tratamento precoce “não contempla essa medicação, e sim a testagem, o diagnóstico precoce, observação dos sintomas, e combatê-los o quanto antes”.

— Até o presente momento, no mundo todo, os estudos apontam a não eficácia comprovada em estudos ortodoxamente regulados, ou seja, placebos controlados, duplo-cego e randomizados. Então, até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na Covid-19, essas que falei — disse Barra Torres.

— A minha posição sobre o tratamento precoce da doença não contempla essa medicação, por exemplo — não contempla —, e contempla, sim, a testagem, o diagnóstico precoce e, obviamente, a observação de todos os sintomas que a pessoa pode ter e tratá-los, combatê-los o quanto antes. Essa doença mostra que, quando ela acomete nível pulmonar, já é um pouco tarde para atuar, os resultados são muito ruins no diagnóstico de médio prazo e tardio.

Hierarquia

Sem citar o nome do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) citou uma frase que ele disse após ser desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro quanto à compra da Coronavac: “um manda e outro obedece”. E perguntou se Barra Torres concordava com isso na política de saúde.

— Não, de maneira nenhuma. Qualquer ação de saúde é pautada por ciência. Hierarquia é outra questão — respondeu o presidente da Anvisa.

O Globo 

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