Críticas a Pazuello colocaram Wajngarten na CPI

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Foto: Marcos Corrêa/PR

A CPI da Covid vai ouvir nesta quarta-feira, 12, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten. O depoimento do empresário é considerado um dos mais aguardados da CPI até o momento, já que, no mês passado, ele não poupou críticas à atuação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em entrevista à revista Veja. Segundo Wajngarten, houve ‘incompetência’ e ‘ineficiência’ do Ministério da Saúde ao lidar com a Pfizer, farmacêutica que ofereceu um lote de 70 milhões de vacinas ao governo federal no ano passado. A sessão da CPI está marcada para começar às 9h.

Na entrevista, o ex-secretário contou ter articulado reuniões com diretores da farmacêutica ao saber da proposta da Pfizer. De acordo ele, no entanto, “as coisas travavam no Ministério da Saúde”. Além de investigar a possível negligência do governo e do ex-ministro, os senadores da CPI querem saber por qual motivo o Wajngarten estava tão envolvido em fazer lobby para a Pfizer.

O ex-secretário ainda deve ser questionado sobre a decisão do governo Bolsonaro de não fazer campanhas informativas para conter a propagação do novo coronavírus. A pasta chegou atuar até em sentido contrário, divulgando uma peça publicitária, em março de 2020, contra o isolamento social, que depois acabou suspensa pela Justiça.

“Qual a participação da Secretaria de Comunicação, qual foi a divulgação de notícias falsas, de desinformação, se a Secretaria de Comunicação pagou sites que atuam dessa maneira. Vamos trabalhar para ver isso”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), um dos integrantes da CPI.

A insinuação de Eduardo Pazuello sobre pedidos de propina também deve ser objeto de perguntas no depoimento. O ex-ministro da Saúde deixou a pasta, em março, dizendo que havia uma “carreata” de gente pedindo dinheiro. “Todos queriam um pixulé no final do ano”, afirmou o general em seu último discurso.

“Por que o Fábio estava tão envolvido em fazer o lobby para Pfizer para comprar a vacina? Por que foi demitido?”, afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA). “A demissão do Pazuello coincidiu com a demissão do Fábio. O Pazuello saiu dizendo que foi porque não quis pagar propina”, lembrou Alencar, que também quer esclarecimentos sobre a viagem da comitiva do governo a Israel para testar uma tecnologia de medicamento contra covid por spray. Wajngarten foi um dos integrantes da comitiva do governo brasileiro, que incluiu ainda o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Wajngarten foi exonerado da Secom, em março deste ano, após acumular desgastes no governo, especialmente com o ministro das Comunicações, Fábio Faria. O ex-secretário enfrentava queixas internas a respeito da comunicação oficial na pandemia.

Visto por Bolsonaro como um aliado fiel, o ex-chefe da Secom chegou ao governo em abril de 2019 para substituir o publicitário Floriano Amorim. A troca se deu após queda nas pesquisas de popularidade do presidente. Na época, Wajngarten era visto como alguém de perfil conciliador e que poderia aproximar a atual gestão da imprensa.

Na prática, no entanto, a passagem do empresário foi perpassada por uma série de polêmicas. Uma delas diz respeito à postagem da Secom no Twitter que chamou de “herói” o major Curió, denunciado por sequestro, tortura e assassinato na ditadura.

O nome de Fábio Wajngarten aparece em ao menos duas investigações da Polícia Federal. Em fevereiro, a PF abriu um inquérito que mira suspeita de peculato, corrupção passiva e advocacia administrativa contra o secretário pela sua participação na FW Comunicação e Marketing, onde é sócio. A empresa é dona de contratos com ao menos cinco empresas que recebem recursos direcionados pela Secom, entre elas as redes de TV Band e Record. O ex-secretário alega que acordos foram feitos antes do seu ingresso na pasta. Outra investigação diz respeito ao direcionamento de verbas de publicidade para financiar sites antidemocráticos.

Além das controvérsias na pasta, o ex-chefe da Secom se envolveu em polêmicas ao longo da pandemia. No momento em que o Brasil registrava mais de 56 mil mortes por coronavírus, Wajngarten foi à festa de aniversário de 37 anos do jogador do Palmeiras Felipe Melo, com cerca de 70 pessoas. Meses depois, comemorou seus 45 anos com uma festa no litoral norte de São Paulo, em Maresias, junto com ministros do governo. Nas duas situações era difícil encontrar algum convidado usando máscara.

Estadão

 

 

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