Explode o desemprego no país
Foto: Andre Coelho/Getty Images
A atividade econômica acelerando, a arrecadação do governo subindo e a geração de postos com carteira assinada captados pelo Caged são sinais que há uma retomada na economia, porém os dados de desemprego continuam a preocupar. A taxa de desocupação subiu para 14,7% no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 0,8 ponto percentual na comparação com o último trimestre de 2020 (13,9%), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira, 27. Isso corresponde a mais 880 mil pessoas desocupadas, totalizando 14,8 milhões na fila em busca de um trabalho no país. É a maior taxa e o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica, iniciada em 2012.
Segundo o IBGE, o aumento do desemprego no período está ligado a fatores sazonais. “As taxas de desocupação costumam aumentar no início de cada ano, tendo em vista o processo de dispensa de pessoas que foram contratadas no fim do ano anterior. Com a dispensa nos primeiros meses do ano, elas tendem a voltar a pressionar o mercado de trabalho”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
O instituto destaca que o contingente de ocupados, isto é, de pessoas que estão trabalhando, é de 85,7 milhões, estatisticamente estável na comparação com o último trimestre do ano passado.
A maioria dos indicadores ficaram estáveis no primeiro trimestre deste ano, porém o incremento do desemprego está ligado a informalidade. Segundo os dados da Pnad Contínua, houve redução dos empregados do setor privado sem carteira assinada (9,7 milhões), um recuo de 2,9% com menos 294 mil pessoas. Também diminuíram os empregados do setor público sem carteira (1,9 milhão), uma queda de 17,1% ou menos 395 mil.
O único aumento na ocupação ocorreu entre os trabalhadores por conta própria (23,8 milhões), que cresceram 2,4%, um acréscimo de 565 mil postos de trabalho. Com isso, a taxa de informalidade foi de 39,6% da população ocupada, ou 34,0 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido 39,5% e no mesmo trimestre de 2020, 39,9%. O setor informal é mais sensível a variações da economia e, ao fim do primeiro trimestre, mais especificamente em março, houve endurecimento de medidas de distanciamento, por causa da alta dos casos de Covid-19.
No setor formal, o IBGE aponta que o nível de trabalhadores com carteira assinada ficaram estáveis (29,6 milhões). Porém, há um descompasso entre a pesquisa de o Caged, do governo federal, que detectou aumento do estoque no governo formal.
A população desalentada, que são aqueles que desistiram de procurar trabalho, atingiu nível recorde no período. São 6 milhões de pessoas, ficando estável frente ao trimestre móvel anterior e crescendo 25,1% ante o mesmo período de 2020.
O percentual de desalentados na força de trabalho foi de 5,6%. Ou seja, a taxa de desemprego só não é ainda maior porque muitos brasileiros desistiram de procurar uma ocupação. Vale lembrar que o IBGE considera como desempregado apenas o trabalhador que efetivamente procurou emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
Outro destaque da pesquisa foi a alta no total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, ou seja, que trabalham menos que poderiam e gostariam. No primeiro trimestre, o contingente chegou a 33,2 milhões, o maior da série comparável, um aumento de 3,7% com mais 1,2 milhão de pessoas.
A PNAD Contínua é feita com uma amostra que corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020.