Governo se debate por R$ 2,70 a mais no mínimo
Foto: Pedro França/Agência Senado
A base do governo no Congresso e o Ministério da Economia têm divergido nos bastidores sobre o reajuste do salário mínimo. O governo editou uma medida provisória (MP) no fim do ano passado estabelecendo o valor em R$ 1.100 desde 1º de janeiro, mas a inflação, medida depois, deu um resultado um pouco maior, de R$ 1102,70.
Embora a diferença de R$ 2,70 seja pequena, cada R$ 1 a mais no salário mínimo tem um impacto de R$ 350 milhões nas contas do governo federal, por causa do impacto nos salários do funcionalismo, nas aposentadorias, pensões e benefícios sociais. A depender do arredondamento, seria um gasto adicional entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.
A oposição pressiona por um valor ainda maior, que considere também o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás, equivalente a uma alta de mais 1,1%. O PT já tem pronta emenda para apresentar no plenário da Câmara para replicar a regra que valeu nos governos Lula e Dilma e, com isso, constranger a base aliada do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo três líderes governistas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), questionou nesta segunda-feira os líderes partidários se há consenso entre a base aliada e o governo para pautar a matéria, mas as respostas foram negativas. A Economia já está com dificuldades de fazer cortes nas despesas e não quer aumentar ainda mais os gastos.
Lira decidiu, então, não pautar a medida provisória para esta terça-feira e colocou outras duas, que perderão a validade depois, em discussão. Mas o impasse terá que ser resolvido até terça-feira, dia 1º de junho, para que a proposta não perca a validade, o que faria o salário mínimo voltar ao valor de R$ 1045 de 2020 – hipótese considerada improvável pelos parlamentares.
Um dos líderes da base governista disse ao Valor que, embora entenda a situação das contas do governo, propostas para aumentar o salário mínimo nesse momento de pobreza e com a eleição cada vez mais próxima tendem a ter mais apelo no plenário da Câmara. As negociações seguem, por enquanto restritas aos bastidores.