Haddad vira “coringa” nas eleições de 2022

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Foto: Silvia Costanti/Valor

Envolvido em uma série de encontros com a militância do PT em São Paulo para debater os problemas do Estado, o ex-prefeito Fernando Haddad afirma que não definiu se será candidato ao governo paulista em 2022, mas deixa a possibilidade em aberto e repete que o mais importante seria definir o candidato no Estado dentro de um acordo de alianças alinhado com a candidatura nacional. Nesse sentido, diz, o postulante estadual do chamado campo progressista não precisaria ser necessariamente do PT.

Para o petista, o Psol – que já lançou Guilherme Boulos para o governo do Estado -, PCdoB, PDT, Solidariedade e até o PSB do ex-governador Márcio França, também pré-candidato, poderiam entrar em acordo para lançar um nome único. Haddad diz que a costura deve ser feita pelas direções nacionais dos partidos.

“Defendo que a gente amplie a aliança em São Paulo seguindo a lógica nacional, porque a eleição presidencial é o que orienta”, diz em entrevista ao Valor. Haddad argumenta que a eleição estadual é casada com a disputa pela Presidência e, por isso, a lógica é diferente da que imperou na eleição municipal do ano passado. Em 2020, quando a única eleição majoritária era a de prefeito, o PT não fez aliança em São Paulo e ficou em sexto lugar.

Segundo Haddad, os partidos contrários ao governador do Estado, João Doria (PSDB), e ao presidente Jair Bolsonaro devem se unir. O candidato desse campo deve ser o que tiver maior viabilidade eleitoral, e o nome só deveria ser definido depois da negociação em torno da chapa presidencial.

A negociação com o PSB deve enfrentar dificuldades. O diretório paulista tenta filiar o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), e lançar a chapa Alckmin/França.

Haddad lidera numericamente a disputa no Estado, com 20% das intenções de voto, segundo pesquisa Ipespe do início de abril. Na sequência estão os ex-governadores França, com 18%, e Alckmin, com 17%. Os três estão em empate técnico, na margem de erro da pesquisa, de 3,2 pontos.

O petista evita falar sobre um eventual apoio do PT ao candidato do Psol no Estado. Quando é retirado da simulação, o pretendente do Psol alcança 16% e empata com os ex-governadores. “Não acho que colocar o nome à disposição atrapalha. Mas combinamos no PT de não fazer isso. Cada partido tem sua maneira de proceder, e Boulos já declarou que para vencer os tucanos ele imagina uma frente progressista mais ampla”.

Em janeiro, Haddad recebeu a missão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fortalecer o PT no interior de São Paulo para as eleições de 2022. O partido nunca venceu a disputa pelo governo paulista e ficou em quarto lugar na eleição de 2018. No ano passado, conquistou apenas quatro das 645 prefeituras do Estado: Araraquara, Diadema, Mauá e Matão. Em 2012, havia eleito 72 prefeitos, com vitórias importantes na Grande São Paulo, incluindo a capital, com Haddad.

Na eleição presidencial de 2018, o desempenho do PT foi pior no Estado do que na votação geral. Em São Paulo, Haddad recebeu 16,4% dos votos no primeiro turno ante 53% de Bolsonaro. No país, o petista teve 29,3%; Bolsonaro, 46%.

A participação de Haddad nas eleições de 2022 segue em aberto. O petista é visto como uma espécie de coringa dentro do PT, cotado tanto para ser vice de Lula, em caso da candidatura do ex-presidente ainda correr risco jurídico, como para ser coordenador do programa de governo e futuro ministro em uma pasta decisiva, como foi o caso do ex-ministro da Economia Antonio Palocci em 2002.

O ex-prefeito tem se dedicado há mais de um ano a encontros com economistas para subsidiar o programa de governo de Lula à Presidência. Nesta terça, Haddad deve desembarcar em Brasília, para acompanhar por três dias o ex-presidente em conversas com diplomatas e lideranças políticas.

Na mesma reunião de janeiro, quando recebeu o pedido de Lula para ajudar o PT em São Paulo, Haddad também foi aconselhado por ele a “botar o bloco na rua” e “rodar o país”. Na época, era o candidato natural do PT à Presidência, já que Lula estava impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. Em março, o cenário mudou depois que o Supremo Tribunal Federal anulou suas condenações judiciais. Desde então, o PT paulista tem defendido Haddad ao governo.

Haddad enumera problemas na gestão Doria e compara a longa permanência do PSDB no comando do Estado, há quase 30 anos, com a hegemonia da família Sarney no Maranhão, que durou mais de quatro décadas. O PSDB está na sétima gestão consecutiva, desde 1995.

Haddad relativiza o sucesso alcançado por Doria ao iniciar a vacinação contra a pandemia de covid-19 por São Paulo. O ex-prefeito tenta desvincular a vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, da imagem do governador, mas reconhece um feito de Doria. “O governo do Estado não atrapalhou o Butantan como a Fiocruz foi atrapalhada pelo governo Bolsonaro”, diz. Ele cita o alto número de óbitos no Estado, 94,6 mil, além das mudanças nas diretrizes de isolamento social, como problemas da atual gestão. “O índice de óbito é superior ao do Brasil, puxa a média [do país] para cima”, diz. “Houve muitos equívocos na condução e os números estão aí para mostrar”, afirma o petista.

O PSDB não definiu ainda seu candidato em São Paulo. Doria pretende disputar a Presidência e articula a candidatura de seu vice, Rodrigo Garcia (DEM), ao Estado pelo PSDB. Garcia negocia sua troca partidária para maio. Doria, no entanto, enfrenta resistência de seu partido e ainda terá que disputar a prévia partidária. Caso perca a eleição interna, poderá concorrer à reeleição. Há indefinição também sobre o candidato do presidente Bolsonaro no Estado. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), é o nome mais forte.

Valor Econômico

 

 

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