Horda bolsonarista é mobilizada pelo governo contra Mandetta

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Foto: Reprodução

Aguardado com grande expectativa e apreensão pelo Palácio do Planalto, o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid foi foi alvo de duas grandes linhas de ataque nas redes bolsonaristas nesta terça-feira.

Durante as sete horas de sessão no Senado Federal, seguidores de Jair Bolsonaro se dividiram taticamente. De um lado, grupos atacaram o histórico de Mandetta como defensor do isolamento social. De outro, militantes descontextualizaram falas do ex-ministro para reforçar a tese de que o presidente sempre agiu corretamente no combate à pandemia.

No WhatsApp, Mandetta foi tratado como “genocida”. O termo, adotado como contraponto às críticas da oposição à condução da pandemia pelo governo federal, ganhou ainda mais fôlego após o ministro das Comunicações, Fábio Faria, reagir à sua citação por Mandetta na CPI no Twitter.

No vídeo divulgado na rede social, Faria questiona se o ex-ministro se considera “genocida” por ter recomendado, na fase inicial da crise do coronavírus, que os brasileiros só procurassem assistência médica após apresentarem dificuldades respiratórias.

“Ministro Faria detonou o genocida Mandetta”, escreveu um bolsonarista em um grupo de apoio ao Aliança Pelo Brasil. “Mandetta está sendo bastante canalha em seu depoimento à CPI da Covid, alimentando senadores que buscam informações para culpabilizar Bolsonaro pelas mortes por Covid-19”, afirmou outro apoiador de Bolsonaro no Telegram.

Falas de Mandetta foram tirados de contexto nas redes pró-Bolsonaro no WhatsApp e no Telegram

Antes mesmo de o depoimento de Mandetta terminar, já circulavam conteúdos levantando suspeitas sobre sua versão dos fatos. Um vídeo que circulava em diferentes grupos do WhatsApp prometeu “desconstruir” as falas do ex-ministro na CPI.

Uma delas, bastante explorada, era sobre a proximidade que Mandetta disse ter com o ministro da Saúde da China, país frequentemente alvo de conspirações bolsonaristas.

Outros o chamaram de mentiroso e “cara de pau” e viram na sua convocação pelo colegiado um “flerte do establishment” com o político visando 2022.

“Essa CPI não vai dar em nada! Não existem argumentos nem provas que incriminem o presidente. Porém, existem (evidências) contra governadores e prefeitos. Isso só vai atrasar o Brasil”, protestou um apoiador do governo no WhatsApp.

Em outra frente, circularam memes e cards destacando frases de Mandetta, tirados de contexto, pareciam corroborar a ideia de que Bolsonaro sempre esteve certo na sua postura frente à ameaça da Covid-19.

Quando Mandetta mencionou a disputa de estados por respiradores durante a primeira onda da doença, mensagens replicadas em diversos chats diziam que, para o ex-ministro, os governadores e prefeitos atrapalharam o governo federal, que por sua vez sempre teria agido conforme a ciência.

Já o adiamento do depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, que saiu do governo aplaudido nos chats bolsonaristas, foi sumariamente ignorado nos grupos monitorados pela coluna.

A justificativa para o cancelamento, o de que ele teria sido exposto ao coronavírus, nem sequer foi comentada. Sua fala à CPI é vista como um dos momentos cruciais do colegiado e preocupa o entorno de Bolsonaro. Como apurou o blog, o general, que temia ser preso após o depoimento, já planejava sua ausência desde o final de semana.

Bolsonaristas disseminaram narrativa de que Mandetta, demitido por Bolsonaro por defender o isolamento social, teria defendido alinhamento do governo federal com a ciência

O Globo