PP já ensaia pular fora do barco de Bolsonaro
Foto: Alan Santos
Um dos mais fiéis aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional, o PP faz jogo duplo nos estados do Nordeste, amplia espaços e pressiona por cargos em governos comandados por PT, PSB e PC do B.
Com um pé em cada canoa, o PP é aliado de partidos de esquerda em quatro estado nordestinos e caminha para participar de palanques locais que devem apoiar o ex-presidente Lula (PT) na corrida presidencial em 2022.
São do Nordeste dois dos principais líderes do partido e aliados de Bolsonaro, o presidente da Câmara, deputado Artur Lira (PP-PB), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), da tropa de choque governista na CPI da Covid.
A Bahia é um dos estados que melhor representa este jogo duplo. De um lado, o deputado federal Cacá Leão (PP) assumiu a liderança do partido na Câmara dos Deputados, posto estratégico na coordenação da bancada e aprovação de projetos de interesse do governo federal.
De outro, o pai do deputado e vice-governador João Leão (PP) tem ampliado os espaços do partido na gestão do governador Rui Costa (PT).
Na semana passada, o governador petista iniciou uma reforma administrativa e contemplou o PP com a sua terceira secretaria: agora comanda as pastas de Desenvolvimento Econômico, da Infraestrutura Hídrica e do Planejamento, esta última ocupada pelo próprio João Leão.
“Não houve pleito por novas secretarias, foi um convite pessoal do governador. Mas todo mundo gosta de um carinho, né?”, diz o deputado federal Cacá Leão.
O líder do PP confirma que o partido tende a fazer parte da chapa de Bolsonaro em 2022. Contudo não haverá veto aos diretórios que quiserem apoiar a candidatura de Lula nos estados: “É uma tradição do partido respeitar as especificidades locais”.
Na Bahia, o PP mostrou força na última eleição, tem 96 prefeitos e boa inserção em regiões com maior pendor antipetista, como o oeste e o extremo-sul do estado.
Na Assembleia Legislativa, onde tem nove deputados, costuma ter postura dúbia em relação ao governo petista, seguindo uma lógica de morde e assopra. Por isso, a decisão de contemplar o partido com mais uma pasta gerou insatisfações na base aliada do governador.
“Leão aprendeu a lidar com Rui. Bate, bate, bate, aí é promovido. Eu não sei lidar. Sou o incompetente. Fui e sou leal demais”, afirmou em uma rede social o deputado federal Marcelo Nilo (PSB).
Mesmo com as críticas, o PP se mantém em alta e ativo no xadrez eleitoral da Bahia. Já reeleito para o cargo de vice-governador, João Leão não pode mais disputar o cargo, veto que a legislação eleitoral estende ao seu filho Cacá Leão.
Uma opção seria o Senado, mas a vaga no grupo governista já está destinada ao senador Otto Alencar (PSD), que tentará a reeleição. Leão tem afirmado que pode disputar o governo do estado, mas a Folha apurou que ele se sentiria contemplado em exercer um mandato tampão de governador em 2022.
Para isso, o governador Rui Costa teria que se deixar o cargo em abril do próximo ano. O petista, contudo, já afirmou publicamente que decidiu cumprir seu mandato até o final. Assim, poderá conduzir no cargo a sucessão, que terá o senador Jaques Wagner (PT) como candidato ao governo.
“Não houve pleito por novas secretarias, foi um convite pessoal do governador. Mas todo mundo gosta de um carinho, né?”, diz o deputado federal Cacá Leão.
O líder do PP confirma que o partido tende a fazer parte da chapa de Bolsonaro em 2022. Contudo não haverá veto aos diretórios que quiserem apoiar a candidatura de Lula nos estados: “É uma tradição do partido respeitar as especificidades locais”.
Na Bahia, o PP mostrou força na última eleição, tem 96 prefeitos e boa inserção em regiões com maior pendor antipetista, como o oeste e o extremo-sul do estado.
Na Assembleia Legislativa, onde tem nove deputados, costuma ter postura dúbia em relação ao governo petista, seguindo uma lógica de morde e assopra. Por isso, a decisão de contemplar o partido com mais uma pasta gerou insatisfações na base aliada do governador.
“Leão aprendeu a lidar com Rui. Bate, bate, bate, aí é promovido. Eu não sei lidar. Sou o incompetente. Fui e sou leal demais”, afirmou em uma rede social o deputado federal Marcelo Nilo (PSB).
Mesmo com as críticas, o PP se mantém em alta e ativo no xadrez eleitoral da Bahia. Já reeleito para o cargo de vice-governador, João Leão não pode mais disputar o cargo, veto que a legislação eleitoral estende ao seu filho Cacá Leão.
Uma opção seria o Senado, mas a vaga no grupo governista já está destinada ao senador Otto Alencar (PSD), que tentará a reeleição. Leão tem afirmado que pode disputar o governo do estado, mas a Folha apurou que ele se sentiria contemplado em exercer um mandato tampão de governador em 2022.
Para isso, o governador Rui Costa teria que se deixar o cargo em abril do próximo ano. O petista, contudo, já afirmou publicamente que decidiu cumprir seu mandato até o final. Assim, poderá conduzir no cargo a sucessão, que terá o senador Jaques Wagner (PT) como candidato ao governo.
Em Pernambuco, a pressão do PP por mais espaço nas gestões do governador Paulo Câmara (PSB) e do prefeito do Recife, João Campos (PSB), também é constante. E já surtiu efeito no âmbito estadual.
Neste ano, após movimentações públicas do principal nome da sigla no estado, o deputado federal Eduardo da Fonte, o partido conseguiu mais uma vaga no primeiro escalão do governo do estado.
Comanda duas pastas: Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas e Desenvolvimento Agrário. Também chefia a administração de Fernando de Noronha e o Instituto Agronômico de Pernambuco.
O partido foi contemplado com mais uma pasta no governo Paulo Câmara após o PT entregar os cargos em razão da disputa acirrada nas eleições do ano passado na capital pernambucana entre João Campos e a deputada Marília Arraes (PT).
O PP tem a segunda maior bancada na Câmara do Recife e na Assembleia Legislativa de Pernambuco. É a terceira sigla com mais prefeituras no estado.
No Recife, as cobranças ao prefeito João Campos (PSB) por um melhor espaço na gestão foram públicas. O partido queria permanecer no comando da Secretaria de Saneamento, mas Campos deslocou o o PP para a Secretaria de Habitação, fato que irritou os principais líderes do partido.
A saída foi acomodar o PP em mais uma secretaria do governo estadual. Desta maneira, mesmo que de maneira temporária, os ânimos foram apaziguados.
Com a aliança entre PSB e PT ainda indefinida, Eduardo da Fonte tem feito acenos públicos de apoio ao ex-presidente Lula, com quem tem ótima relação. Em entrevista a uma rádio local, defendeu a decisão do STF que tornou Lula elegível e disse que não havia problema algum em apoiá-lo em 2022.
“Tenho uma boa relação com ele [Lula], mas isso só iremos tratar em 2022”, disse o deputado, que fez parte da base aliada do segundo governo Lula.
O ex-presidente deve fazer uma visita a Pernambuco até o fim deste mês. Haverá encontro com o governador Paulo Câmara (PSB). É possível também reuniões com líderes do PP em Pernambuco.
Com a entrada de Lula no jogo eleitoral, cresce o movimento para que o PT e PSB se unam nacionalmente. O deputado Eduardo da Fonte nutre o desejo de concorrer ao senado em 2022 na chapa encabeça pelo ex-prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB).
Por outro lado, se não for confirmada a aliança entre os dois partidos, ele também tenta se viabilizar numa possível chapa encabeçada pelo senador Humberto Costa (PT). Ultimamente, Costa e Eduardo da Fonte têm conversado sobre os cenários regional e nacional.
No Maranhão, os principais nomes do PP apoiam Bolsonaro nacionalmente e, ao mesmo tempo, o governador Flávio Dino (PC do B).
O partido ocupa a Secretaria de Meio Ambiente. Até o ano passado, quem comandava a pasta era Rafael Ribeiro, irmão do presidente estadual do PP, deputado federal André Fufuca. Rafael deixou o posto em 2020 porque pretendia disputar um cargo eletivo. No entanto, a secretaria continuou nas mãos do PP.
O cenário é parecido no Ceará. O PP faz parte da base do governador Camilo Santana (PT), mas aproximou-se de Jair Bolsonaro.
Em fevereiro, o deputado federal AJ Albuquerque (PP) fez parte da comitiva do presidente em uma vista ao Ceará, o que geral mal-estar na base aliada de Camilo Santana.
Na ocasião, Bolsonaro desferiu críticas aos governadores. Em nota, o deputado afirmou que seu posiconamento em 2022 estará alinhado ao do comando nacional do PP.
Enquanto isso, localmente, o PP cearense deve ganhar corpo na janela eleitoral do próximo ano. Um dos que deve migrar para o partido é justamente o pai do deputado AJ Albuquerque, Zezinho Albuquerque (PDT), que é secretário estadual das Cidades na gestão petista.
Na Paraíba, o PP adota uma postura de independência em relação ao governador João Azevêdo (Cidadania). Uma aproximação entre os dois partidos, contudo, não é descartada, já que o governador apoiou a eleição de Cícero Lucena (PP) para prefeitura de João Pessoa em 2020.
Em outros três estados, o partido está alinhado ao presidente Bolsonaro e faz oposição aos governos locais: Piauí, Alagoas e Rio Grande do Norte.
No Piauí, o senador Ciro Nogueira (PP) é pré-candidato ao governo do estado em oposição ao grupo do governador Wellington Dias (PT). Ambos romperam no ano passado após Nogueira aproximar-se de Bolsonaro.
Em Alagoas, o PP de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, vive em queda de braço com governador Renan Filho (MDB) e mergulhou no apoio a Bolsonaro. Nesta quinta-feira (13), Lira foi o anfitrião do presidente na inauguração de obras em Alagoas.
O partido também se alinhou ao presidente no Rio Grande do Norte e negocia a filiação do ministro das Comunicações Fábio Faria, atualmente no PSD.