Serra dá apoio a encontro de Lula e FHC
Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO
Cardeal tucano, companheiro de lutas e amigo de Fernando Henrique Cardoso, José Serra afirmou à Coluna, sobre o almoço do ex-presidente da República tucano com Lula: “O (Nelson) Jobim, que é amigo de ambos, convidou-os para almoçar em sua casa. Não vejo nada de mais nisso”. No final de seu mais recente livro, Um Intelectual na Política – Memórias (Companhia das Letras), FHC afirma, em tom de agradecimento: “José Serra, que é muito diferente de mim, teve peso na minha vida”. Nas gerações mais novas do partido, a visão foi outra…
O grupo dos tucanos magoados com o almoço entre Lula e FHC não se cansa de lembrar que o PT se recusou oficialmente a aderir às frentes contra Jair Bolsonaro em 2020.
Entre as alegações de dirigentes petistas para ficar fora do embrião da frente, estava a de que não queriam tomar parte de atos que, entre outros, tivessem o liberal FHC.
“Política se faz com saliva. O encontro foi uma lição de democracia, nós não somos radicais”, diz o deputado Danilo Forte (PSDB-CE).
Quem conhece bem o PSDB recomenda uma leitura atenta do que disse Aécio Neves (MG) sobre o almoço FHC-Lula.
Aécio foi sincero ao dizer que Lula não é opção para o PSDB. Porém, falou na busca de uma “candidatura de centro”. Ou seja, marca ponto no jogo interno do partido o grupo que defende abrir mão de ter presidenciável em 2022.
Os mais astutos e rodados no partido observam, com bom humor e alguma acidez: FHC é como a canção de Alejandro Sanz, que diz “después de ti, no hay nada”. Ou seja, quer ser o único presidente pelo PSDB da história.
Prefeito de Ribeirão Preto (SP), Duarte Nogueira (PSDB) resume o sentimento de um pedaço do partido que ainda luta contra petistas: “Fernando Henrique Cardoso passa por uma síndrome de Estocolmo. Lula e o PT desconstruíram o legado de FHC e assaltaram o País”.
Opinião semelhante tem Orlando Morando, de São Bernardo do Campo (SP): “FHC está possuído pela sua vaidade e não quer ver outro presidente pelo nosso PSDB”.