Viés neoliberal atrapalha planos presidenciais de governador do RS

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Foto: Felipe Dalla Valle / Divulgação

Com uma base política que pavimentou o caminho para reformas previdenciária e administrativa em âmbito estadual, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), tenta usar o prestígio local como plataforma para uma eventual candidatura à Presidência em 2022. A mesma agenda liberal que fez com que seu nome passasse a circular nacionalmente como uma alternativa de centro, no entanto, tem outra face: o desgaste com uma parcela do eleitorado em função das medidas impopulares, em um estado conhecido por não reeleger governadores.

Aliados avaliam que Leite, embora desconverse sobre o status de presidenciável, já faz movimentos para se consolidar nas prévias do PSDB, marcadas inicialmente para outubro — a possibilidade de adiamento vem ganhando tração internamente —, e para encaminhar a sucessão no estado.

A hipótese de concorrer ao Palácio do Planalto foi defendida recentemente fora do partido: o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), disse que gostaria de apoiá-lo. Houve também reflexos locais no MDB, partido com a maior bancada da Assembleia Legislativa e possível integrante de uma chapa presidencial que aglutine a oposição de centro contra Bolsonaro.

Além de aumentar a presença emedebista no secretariado em março, quando entregou a recém-criada pasta de Desenvolvimento Econômico para o deputado estadual Edson Brum, Leite articula um apoio à candidatura do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) ao governo. O parlamentar afirmou ao GLOBO que há outros nomes cotados e que um eventual apoio nacional a Leite passa pela definição do MDB sobre candidatura própria, mas mostrou ver com bons olhos uma “dobradinha” com o governador:

— O Brasil não vence suas dificuldades sem um nome de centro que dialogue com a direita e a esquerda.

Além do MDB, Leite abriu espaço no governo para PP e PTB, que hoje tendem a construir uma candidatura local mais alinhada ao bolsonarismo. Lideranças regionais de ambos os partidos, porém, devem adotar uma postura próxima à neutralidade ou até se desfiliar para manter o apoio a Leite. Um dos nomes de saída é o vice-governador Ranolfo Vieira Jr. (PTB), também cotado para disputar a sucessão estadual.

Parlamentares avaliam que o fato de Leite afirmar desde o início do mandato que não disputaria a reeleição — algo que prometeu e cumpriu quando foi prefeito de Pelotas, entre 2013 e 2016 — fez com não fosse visto como “ameaça” por nenhum grupo político, o que facilitou articulações. Na assembleia, Leite conseguiu atrair para sua base mais de dois terços dos 55 deputados, abrindo caminho para alterações que exigem emenda constitucional, como as reformas e a revogação da exigência de plebiscito antes da privatização de estatais do setor de energia.

Antes da pandemia, as principais medidas do governo Leite na área econômica incluíram mudanças na alíquota previdenciária, que passou a incidir sobre até 22% dos vencimentos inclusive de servidores inativos, e o fim dos adicionais por tempo de serviço em todas as carreiras do funcionalismo. O pacote, segundo cálculos do governo, deve economizar cerca de R$ 18 bilhões dos cofres estaduais em dez anos.

Houve ainda medidas que levaram alívio imediato às finanças, como o remanejamento de R$ 1,8 bilhão do fundo de previdência (Funprev), destinado originalmente a servidores contratados a partir de 2011, para o caixa geral das aposentadorias, sustentado com recursos do Tesouro gaúcho, além da privatização da distribuidora de energia elétrica estadual (CEEE-D), em março, retirando do estado um passivo de R$ 3,5 bilhões.

Leite atribuiu às reformas e às privatizações a possibilidade de abertura de concursos públicos e de regularização dos salários dos servidores, no fim de 2020, após mais de 50 meses de parcelamentos e atrasos. As medidas, segundo aliados, também contribuem para atenuar o desgaste do governador com o funcionalismo em meio aos cortes de benefícios.

— Vejo o governador disposto a ser o candidato desde que seja à frente de um projeto. Para isso, ele sabe que precisa ter bons resultados em casa — avalia o deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS), que defende a candidatura de Leite no partido.

Na pandemia da Covid-19, Leite ganhou maior projeção nacional pelo discurso crítico à condução do governo do presidente Jair Bolsonaro e por manter o estado, apesar da contrariedade de prefeitos, no protocolo mais rígido de funcionamento das atividades econômicas no início do ano, numa tentativa de frear a alta de casos e óbitos. A postura rendeu acenos e elogios de nomes da esquerda, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Na semana passada, no entanto, a mudança no sistema que norteia as restrições no estado, com o objetivo de abrir escolas, gerou uma fissura e rendeu críticas da esquerda.

A agenda econômica, semelhante à pregada pelo ministro Paulo Guedes (Economia), também dificulta a aproximação com uma parcela da oposição a Bolsonaro.

— Ele dá provas de que acredita na ciência, mas tem afinidade com a agenda ultraliberal do governo federal. Em meio à pandemia, está aproveitando para “passar a boiada” nas privatizações — criticou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).

Nos dois primeiros anos do governo de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul, foram aprovadas junto ao Legislativo as reformas administrativa e previdenciária do estado. Este ano, a intenção é emplacar também uma reforma tributária. As medidas têm ajudado na contenção de gastos, mas recebem críticas da esquerda dado o caráter liberal.

Leite atraiu o apoio do MDB, partido que derrotou nas urnas em 2018 ao disputar contra o então governador José Ivo Sartori. O tucano abriu espaço ainda para PP e PTB, siglas alinhadas ao bolsonarismo.

Leite antagonizou com Bolsonaro ao firmar medidas restritivas contra o avanço do coronavírus no RS. O governador, no entanto, sofreu desgaste na última semana ao tentar retomar aulas presenciais na rede pública estadual, manobrando contra uma decisão judicial que as proibia.

O Globo 

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