Acredite: Doria acredita que pode se eleger presidente
Foto: Governo de São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria, terá uma nova rotina a partir de julho, a de rodar o país para divulgar seu nome como pré-candidato a presidente nas prévias do PSDB. O roteiro começa no dia 10 de julho, por Goiás e Mato Grosso, e o plano do paulista é passar pelas cinco regiões do Brasil até outubro. A estratégia de campanha inclui um plano de comunicação digital, direcionada aos filiados do PSDB.
As prévias estão marcadas para 21 de novembro e serão disputadas entre Doria; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul; Tasso Jereissati, senador pelo Ceará; e Arthur Virgílio Neto, ex-prefeito de Manaus (AM). Um segundo turno pode ser disputado na semana seguinte.
Os dois Estados do Centro-Oeste foram escolhidos pela militância tucana ser forte na região. O diretório estadual em Goiás está sob comando dos ex-governadores José Eliton e Marconi Perillo, que deteve a hegemonia local por 20 anos. A representação de Mato Grosso é presidida pelo deputado estadual e vice-presidente da federação das indústrias do Estado, Carlos Avallone Júnior. Avallone é filiado antigo do PSDB e foi braço direito do ex-governador e ex-deputado federal Dante de Oliveira (1952-2006), responsável pela emenda das Diretas Já em 1985.
Nesse primeiro momento, a pré-campanha de Doria tem uma preocupação central: blindar-se das críticas de que o governador estaria abandonando a administração do Estado para tratar de questões políticas. Em 2017, quando era prefeito de São Paulo, Doria fez algumas viagens pelo País tentando nacionalizar seu nome e foi bastante criticado.
Por isso, fala-se como um mantra na equipe do governador que só haverá viagem para outros Estados aos sábados e domingos. Em dias de semana, a dedicação segue para o governo paulista.
Outro ponto de alerta no entorno do governador é restringir os encontros nos Estados e até mesmo a comunicação digital aos filiados do PSDB. A cautela aqui deve-se à resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o mecanismo das prévias partidárias.
A Justiça Eleitoral determina que a campanha nas prévias tem que ser intrapartidária, ou seja, de dentro e para dentro do partido. Se extrapolar essa instância, os atos podem configurar campanha eleitoral antecipada.
O governador aposta alto na vitória nas prévias do PSDB. Doria articula para que o vice-governador, Rodrigo Garcia, recém filiado ao PSDB, seja seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes. Assim, para dar continuidade na vida política, o único caminho de Doria hoje é ganhar as prévias e se tornar o candidato do PSDB a presidente da República.
O time digital do governador terá papel importante na campanha das prévias tucanas. A estratégia montada prevê uma comunicação segmentada a cada região visitada por Doria e que atinja exclusivamente filiados do PSDB. Os estrategistas não revelam o segredo de como farão para entregas as mensagens só para esses públicos, mas há ferramentas hoje nas plataformas de redes sociais que permitem delimitar o perfil de quem vai visualizar certas publicações.
Depois da região Centro-Oeste, Doria vai viajar ao Sudeste – pelo Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Em seguida, vêm Santa Catarina e Paraná e, depois, Estados do Norte e Nordeste.
A equipe do governador ainda não decidiu se ele irá ou não ao Rio Grande do Sul, onde está seu principal oponente, Eduardo Leite. O entorno de Doria reconhece que o Estado será o mais desafiador entre todos. A regra para as viagens é ir onde houver convite dos representantes locais do partidos. Não entrou na pauta do diretório estadual de São Paulo, por enquanto, convidar Leite para uma visita.
A executiva nacional do PSDB vai promover cinco debates entre os pré-candidatos tucanos. Uma capital de cada região do Brasil será escolhida para sediar os encontros. As cidades ainda não foram definidas. Formalmente, a campanha para as prévias tem início em setembro, quando serão feitas as inscrições para a disputa interna. Em 21 de novembro, os filiados poderão votar por meio de dispositivos online, em um sistema auditável e com certificação, segundo o PSDB nacional.
As prévias do PSDB vão considerar não só os votos de filiados do partido, mas também dará peso especial aos votos dos tucanos que têm mandato.
Serão quatro grupos, cada um com peso de 25%: filiados sem mandato (grupo 1); prefeitos e vice-prefeitos (grupo 2); vereadores, deputados estaduais e distritais (grupo 3); e governadores, vice-governadores, ex-presidentes nacionais do PSDB, o presidente atual do partido, Bruno Araújo, deputados federais e senadores (grupo 4).
O PSDB tem hoje 1,4 milhão de filiados pelo Brasil. São Paulo destaca-se no número de filiados sem mandato, no de prefeituras comandadas pelo partido (172 contra 31 no Rio Grande do Sul), de deputados federais (7 paulistas contra 2 gaúchos) e de senadores (2 de São Paulo e nenhum do Rio Grande). Leite, porém, é forte entre parlamentares de outros Estados e em segmentos do PSDB, como o PSDB Mulher e a Juventude do PSDB.
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