Bolsonaro dará ao Bolsa Família o que não deu em 3 anos

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Foto: Gustavo Moreno/ Especial para o Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, afirmou que a ampliação do Bolsa Família é, atualmente, uma das principais preocupações do governo federal. Responsável pela articulação do Palácio do Planalto — de onde despacha há pouco mais de dois meses — com o Congresso Nacional, a deputada federal licenciada disse acreditar que o texto da proposta de mudanças no auxílio será entregue aos parlamentares “nos próximos dias”.

“Hoje [a ampliação do Bolsa Família] é o ponto mais fundamental de discussão. Tenho falado muito com o ministro Paulo Guedes [da Economia], com o ministro João Roma [da Cidadania], e com o próprio presidente [Jair Bolsonaro], que se preocupa muito com essa pauta. Nos próximos dias, eu diria que até o próximo mês, teremos uma proposta de ampliação e de um valor maior para o programa — ou Bolsa Família ou o nome que seja dado. O fundamental é que essas famílias sejam atendidas, principalmente em um momento tão difícil como este que estamos passando no país”, afirmou. Flávia, no entanto, não falou de valores nem de medidas necessárias para tornar o novo projeto viável.

De acordo com a ministra, a pandemia de Covid-19 acelerou o debate sobre o programa de transferência de renda. “Esse tema já estava sendo discutido há muito tempo, porque é uma necessidade grande. Com a pandemia, isso se tornou mais evidente, porque vimos a quantidade de pessoas invisíveis. Muitas famílias que passaram da pobreza para a extrema pobreza e outras que entraram na linha da pobreza”, disse. No Congresso, Flávia Arruda presidiu a comissão especial criada para discutir o Bolsa Família.

Alvo de críticas — e de desconfiança — por ter assumido a articulação sendo uma parlamentar de primeiro mandato, a ministra negou dificuldades para emplacar pautas do governo federal no Congresso e afirmou que aposta no diálogo para construir consensos entre representantes de diferentes partidos políticos. “A minha vinda para cá, como uma parlamentar de centro, de diálogo, foi uma sinalização importante para todos nós do Congresso. E é esse o nosso trabalho, o nosso lema: fazer pontes, construir diálogos”, assinalou.

Flávia, no entanto, criticou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e afirmou que a “politização” do debate dificulta o diálogo do governo federal com os parlamentares. “A gente vê nas discussões, nas convocações, uma politização para estados, para pautas, para determinados temas. Isso é prejudicial para o país”, frisou. “Não ajuda em nada no avanço da vacinação, tampouco na solução dos problemas que a gente enfrenta diariamente”, concluiu.

Apesar dos percalços, a ministra afirmou que a reforma tributária “está madura para avançar” no Congresso. E apostou na aprovação breve do texto: “Foi amplamente discutido, vários textos foram colocados. Não vai ser apenas um relator, porque a reforma vai ser divida: CBS [Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços], renda e tributos. Mas eu acho que ela está madura para avançar e é absolutamente necessária, neste momento, para ajudar na recuperação econômica do país. Acredito que seja aprovada logo”.

Eleita pelo Distrito Federal — unidade da Federação que concentra o maior número de servidores públicos do país –, Flávia Arruda disse que a reforma administrativa “ainda vai ser muito discutida”. “Eu acho que o país pede por uma reforma. Mas eu também acredito que precisamos proteger e defender os servidores públicos com direitos adquiridos. E essa também é a posição do presidente [Jair Bolsonaro]. Qualquer reforma que venha a passar, ou a ser discutida no Congresso, vai tratar de diferenças daqui para frente, e não de direitos adquiridos”, garantiu.

Ao avaliar os dois meses à frente do ministério, Flávia Arruda classificou o período como “um intensivão de experiência política”. Apesar de reconhecer os desafios, a ministra apontou vitórias no período. “Logo na minha chegada a gente conseguiu consenso — entre o Congresso e o Poder Executivo — na sanção do orçamento”, pontuou.

Única ministra mulher com gabinete no Palácio do Planalto, a deputada federal licenciada disse que já se acostumou a ter reuniões apenas com homens. “Eu aqui tenho tido o acolhimento de todos, temos trabalhado sempre em conjunto. Mas é interessante. Na maioria das vezes, nas reuniões, eu sou a única mulher”, destacou. “É um retrato de que ainda, no nosso país, há poucas mulheres ocupando espaço de poder.”

Filiada ao PL, a ministra saiu em defesa do mandatário do partido, o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, condenado no esquema do Mensalão: “Ele é um grande líder do nosso partido. É uma pessoa fundamental nessa construção de coalizão”. Apesar das especulações sobre uma possível disputa majoritária em 2022, Flávia Arruda não quis falar sobre seus planos para as próximas eleições.

Na entrevista, Flávia Arruda também falou sobre as verbas destinadas aos estados e municípios por meio de emendas do relator, os cortes no orçamento que atingiram universidades e o Censo e sobre as discussões que tratam do voto impresso.

Metrópoles