
Ciro troca ataques a Lula por proselitismo religioso
Foto: Reprodução
A tentativa de atrair o voto religioso virou tema para conteúdos em série nas redes sociais do ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à presidência. Na sexta-feira, Ciro publicou uma visita ao Monte Santo, sertão baiano, definido no material como um dos maiores centros de devoção popular do Nordeste. Entre as primeiras legendas do vídeo, lê-se que Ciro foi até o local para “renovar sua fé”.
Com imagens aéreas cinematográficas, fundo musical e um sinal da cruz, o provável candidato do PDT às eleições presidenciais de 2022 procura fazer um vínculo entre a mensagem religiosa e políticas públicas de combate à desigualdade social. O cenário escolhido pelo ex-ministro é próximo a Canudos, vilarejo fundado e liderado pelo religioso Antônio Conselheiro e palco da guerra de mesmo nome, ocorrida entre 1896 e 1897.
É o segundo material nessa linha postado por Ciro em menos de uma semana. Na segunda-feira, o ex-ministro aparece em vídeo com a Bíblia em uma das mãos e a Constituição na outra para dizer que religião e política podem conviver – ressaltando que o Estado é laico. Semanas antes, ainda em maio, ele também registrou sua ida à Igreja do Bonfim, em Salvador. “Agradecendo por tantas graças já alcançadas e pedindo por nosso Brasil, tão sofrido, que vive momentos difíceis”, escreveu, encerrando a mensagem com o ícone de mãos unidas em oração.
A um ano e quatro meses das próximas eleições, Ciro conta com a ajuda do marqueteiro João Santana, contratado pelo partido, e tenta se colocar como alternativa viável diante da já colocada disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ambos à frente das pesquisas mais recentes de intenção de voto. Ciro aparece com 6%, segundo o Datafolha de maio e com 7% na sondagem divulgada na quinta-feira pelo Ipec. Ambas as pesquisas foram feitas de modo presencial.
Uma pesquisa da Ideia encomendada pela revista “Exame”, divulgada na sexta-feira, mostrou percentuais maiores: Ciro aparece em uma faixa entre 10% e 16%, conforme o cenário. A pesquisa foi feita por entrevistas por telefone assistidas por computador.
O Datafolha de maio mostrou que tanto Bolsonaro quanto Lula têm bom desempenho entre o eleitorado evangélico, com intenções de voto de 34% e 35%, respectivamente.
Confirmado candidato, Ciro disputará sua quarta eleição presidencial. Desde abril, João Santana trabalha para o PDT. Ele foi o responsável pelo marketing das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014, nas quais ambos saíram vitoriosos.
Após a contratação de Santana, as redes sociais de Ciro ganharam contornos eleitorais. Com estilo parecido ao de roteiros de campanha, o ex-ministro têm publicado conteúdos em formato de série, incluindo uma sobre a vida do ex-governador – batizada de “Bio do Ciro”, e outras direcionadas a propostas e críticas ao governo de Jair Bolsonaro, a quem costuma chamar de “traidor”.
Sem um vínculo tradicional com o eleitor religioso, Ciro já enfrentou reações adversas de lideranças evangélicas em 2018 e também agora, depois da publicação do vídeo com a Bíblia. “Quer enganar a quem?”, afirmou o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, com intensa militância bolsonarista nas redes sociais.
“Começou a temporada da mentira, do cinismo e da safadeza política”, completou Malafaia, para depois associar o vídeo ao “marqueteiro do PT” e atacar posicionamentos de Ciro sobre aborto e outros temas de comportamento.
Na campanha das eleições de 2018, quando ficou em terceiro lugar (com 12,47% dos votos), Ciro atraiu a ira de parte de lideranças e parlamentares evangélicos após declarar que as novas regras de financiamento de campanha iriam abrir caminho a fraudes e para igrejas e narcotráfico patrocinarem caixa dois (por movimentarem dinheiro em espécie). Também precisou rebater notícias falsas que distorciam falas dele sobre o catolicismo e sobre aborto.
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