EBC tentou censurar noticiário sobre CPI

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Foto: Pablo Jacob

Na segunda semana de maio, quando a CPI da Covid esquentou, a Rádio Nacional, administrada pela EBC, agiu na contramão dos outros veículos de imprensa. Em vez de escalar para cobrir as sessões os seus jornalistas que atuam com foco em política e no Congresso, optou por substituí-los por profissionais ligados a questões locais de Brasília.

Internamente, a justificativa para a mudança foi a escala de horários da redação. No entanto, funcionários relatam que, na verdade, a troca sucedeu conflitos sobre conteúdos desfavoráveis ao governo Bolsonaro censurados nos primeiros dias de CPI.

Um desses conflitos foi denunciado publicamente pela Federação Nacional dos Jornalistas na terça-feira. O repórter Victor Ribeiro foi convidado a assinar um Termo de Ajuste de Conduta para não ser demitido após ter se recusado, em maio, a gravar um texto modificado por uma editora a respeito do depoimento do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, à CPI. A intenção era que Ribeiro não repetisse o ato — amparado pelos códigos de ética do Jornalismo e da própria EBC — pelo período de um ano.

Antes de ser cortada, a narração dizia:

“O presidente da Anvisa disse que não fez tratamento precoce contra covid e que se arrependeu de participar de atos públicos com aglomerações. Ele criticou o uso de remédios ineficazes e o negacionismo científico”.

Além da CPI, Bolsonaro é criticado com frequência, outros temas viraram “tabu” dentro da EBC. Jornalistas dizem ter dificuldades para tratar sobre questões indígenas, por exemplo, ainda que a empresa produza para a Rádio Nacional Amazônia, em que esse deveria ser o foco principal.

O Globo