Epidemiologista que saiu do MS após dez dias irá depor na CPI

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid resolveu antecipar para quarta-feira o depoimento da epidemiologista Luana Araújo, que assumiu o cargo de secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, mas ficou apenas dez dias no cargo. Luana critica o uso de medicamentos sem eficácia no tratamento da covid-19, como defende o presidente Jair Bolsonaro, e senadores acreditam que sua demissão teve relação com isso.

Com a antecipação, foi cancelada uma audiência pública com médicos e especialistas sobre um desses medicamentos, a cloroquina. A sessão estava prevista para quarta-feira. A mudança gerou críticas da tropa de choque bolsonarista. “Essa CPI precisa de visibilidade. Peço que seja cumprido o regimento”, criticou o vice-líder do governo no Congresso, Marcos Rogério (DEM-RO).

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu: “No entendimento da mesa, nós não temos que fazer audiência pública, nós estamos investigando. A CPI é muito dinâmica. Por isso, a desconvocação das pessoas convidadas. Essa decisão foi baseada no tempo [de vigência da CPI], porque nós queremos terminar essa CPI no tempo de 90 dias”.

As razões da demissão de Luana Araújo não foram divulgadas pelo Ministério da Saúde. Em seu perfil no Instagram, ela disse que, mesmo sem ter sido nomeada, desenvolveu trabalhos em várias frentes no Ministério da Saúde, entre elas o plano nacional de testagem.

“Saio dessa experiência como entrei: pela porta da frente, com a consciência e o coração tranquilos, ciente de que neste curto período entreguei o melhor de minha capacidade com os princípios que tenho como profissional especialista na área: ética, cientificidade, agilidade, eficiência, empatia e assistência”, escreveu.

A ex-secretária ressaltou também que, em seu discurso de apresentação, fez questão de evidenciar sua postura técnica, baseada em evidências. “Vejo a ciência como ferramenta de produção de conhecimento e de educação para priorização da vida, sempre, como objetivo maior”, afirmou na rede social.

Antes de ser indicada para o posto de secretária de Enfrentamento à Covid-19, ela havia publicado no Twitter que o uso da cloroquina para combater a covid-19 é “neocurandeirismo” que colocava o Brasil “na vanguarda da estupidez mundial”.

Valor Econômico