Infectologista foi demitida por Queiroga sem explicação
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Após uma passagem relâmpago pelo Ministério da Saúde, a médica infectologista Luana Araújo defendeu na CPI da Covid a autonomia de Estados e municípios para a administração das políticas de enfrentamento à pandemia de covid-19. Ela também fez elogios ao ministro Marcelo Queiroga, mas disse que foi dispensada sem maiores explicações.
Luana foi escolhida para chefiar a Secretária Especial de Enfrentamento à Covid-19, criada na gestão de Queiroga. A nomeação veio após a desistência da enfermeira Fracieli Fantinato, atual coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Após pouco mais de dez dias, no entanto, ela deixou o cargo antes mesmo de ser oficializada. Queiroga, dias depois, deu a entender que a nomeação da médica não teria passado pelo crivo político do Palácio do Planalto. Antes de ser escolhida, ela havia criticado nas redes sociais o tratamento precoce defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.
“A minha posição pública [sobre o tratamento precoce] não é uma opinião, é baseada em evidências”, afirmou Luana à CPI. “Essa discussão [de tratamento precoce] é esdrúxula, delirante, não existe”, completou, após defender autonomia dos entes federados.
“Cada país, Estado, cidade tem autonomia para definir suas políticas de saúde em qualquer nível, mas é muito perigoso que abramos mão desse intercâmbio; essa arrogância pode ser letal”, afirmou ela à CPI. Bolsonaro costuma dizer que foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de atuar na pandemia e ataca frequentemente governadores e prefeitos.
A médica também criticou a polarização da pandemia, que segundo ela impede que os profissionais mais capacitados trabalhem no governo federal. Ela relatou ter sofrido ameaças e tentativas de divulgação de seu endereço nas redes sociais.