Interior de SP cria barreiras contra visitantes
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Diante do feriado prolongado de Corpus Christi na pandemia, cidades do interior paulista planejam se fechar para evitar que pessoas de outras localidades entrem —ou para que, caso entrem, não tenham muito o que fazer.
Com o agravamento de casos de Covid-19 no interior, prefeituras criaram barreiras sanitárias, fecharam ruas da cidade com montes de terra e restringiram o funcionamento de bares e restaurantes, para tentar eliminar a vida noturna e frear a circulação de pessoas.
Na região metropolitana de Campinas, as 20 prefeituras farão operação para coibir festas clandestinas e aglomerações no feriado, com o objetivo de evitar uma terceira onda da pandemia nas próximas semanas. Haverá barreiras sanitárias nas cidades, com participação de guardas municipais e policiais militares, e os pancadões, que têm reunido centenas de jovens em vias públicas, também estão na mira. Só no último fim de semana, 5.200 pessoas foram dispersadas em aglomerações em Campinas.
“A gente quer pedir um esforço, a gente quer fazer um apelo que as pessoas não aglomerem nesse feriado. Esse feriado de quinta, sexta, sábado, emendando com sábado e domingo, é muito chamativo para festas e aglomerações. Muitas vezes aquela confraternização familiar, aquela reunião familiar, com bebida alcoólica, com muita gente, é terrível do ponto de vista da transmissão do vírus”, afirmou o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).
A prefeitura ainda publicou nesta quarta (2) decreto que põe a cidade em estado de calamidade pública devido à pandemia.
Controlar a entrada de pessoas de outros municípios é também a tentativa adotada por Nuporanga, na região metropolitana de Ribeirão Preto, que fechou as entradas do município. Foram fechadas entradas como as da Vila Diogo e do trevo de São Joaquim da Barra, com cavaletes e montes de terra.
O decreto do prefeito Daniel Viana (PSDB) colocou em funcionamento, na terça (1), barreiras sanitárias na avenida Durvalino Xavier Guedes e na rua José Mauade até o dia 20, que têm como objetivo proibir a entrada de quem não more na cidade.
Em São José dos Campos, a prefeitura decidiu proibir, entre quinta-feira (3) e domingo (6), o funcionamento de estabelecimentos comerciais com área superior a 250 metros quadrados de loja (supermercados e lojas de materiais de construção, por exemplo) e limitou a abertura dos shoppings, que só poderão funcionar das 8h às 13h.
Com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas, bares e restaurantes também poderão abrir das 8h às 13h para atendimento presencial —no restante do dia, só delivery e drive-thru.
As igrejas poderão ter celebrações presenciais somente nesta quinta, dia de Corpus Christi.
“Venho alertando sobre a tendência do número de contaminações, o que foi se consolidando com o aumento da necessidade de leitos”, disse o prefeito Felicio Ramuth (PSDB).
Ele disse que a expectativa era de que o mês de abril tivesse sido o de mais mortes na cidade, mas maio registrou mais óbitos, o que, segundo ele, justifica a adoção de medidas restritivas.
De acordo com a secretária da Saúde, Margarete Correia, a cidade tinha na segunda-feira (31) 421 pessoas internadas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e enfermarias, das quais 68% com menos de 60 anos de idade. “Cada vez mais internações de jovens e, muitos deles, sem comorbidades”, disse ela em entrevista coletiva.
Das 25 mortes registradas na segunda pela prefeitura, 8 vítimas não tinham comorbidades, entre eles três homens de 38, 40 e 48 anos e uma mulher de 38.
Também no Vale do Paraíba, Taubaté adotou regras válidas entre quinta e domingo que limita a seis horas diárias a abertura do comércio, shoppings e restaurantes. Bares só podem permanecer abertos até as 18h —horário em que deve terminar, também, a comercialização de bebidas alcoólicas.
De acordo com a prefeitura, a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) está em 93%, enquanto enfermarias têm 94% (Hmut) e 100% (UPA Central) de ocupação.
Outra cidade que adotou restrições é Amparo, que fará lockdown de sexta (4) a domingo e entre os dias 11 e 13. Somente farmácias, hospitais, serviços funerários e de saúde poderão atender presencialmente.
Segundo a prefeitura, pessoas que estiverem na rua e não estiverem cadastradas como trabalhadores de setores com permissão para abrir estarão sujeitas a multa de R$ 500. O transporte coletivo será suspenso nas datas.
Multas também serão aplicadas em Boituva em chácaras flagradas com aglomerações. O decreto foi publicado na segunda (31) e prevê multa de R$ 10 mil ao dono do imóvel e outra, no mesmo valor, ao organizador do evento.
“É relevante ressaltar o apoio da maior parte dos comerciantes e da população, que percebem a gravidade desta terceira onda de contágio (principalmente com as novas variantes do vírus), e colaboram com a fiscalização”, diz comunicado da prefeitura.
Já em Pirassununga, entre esta quarta e domingo, a prefeitura decretou toque de recolher das 20h às 5h e supermercados, bares e restaurantes só poderão atender presencialmente até as 19h. Ficarão abertos somente postos de combustíveis e farmácias, segundo Paulo Tannús, secretário da Segurança Pública.
“A vida noturna tem dado um pouco mais de trabalho para a fiscalização. Tomamos essa decisão para restringir a circulação de pessoas, já que os casos têm crescido ultimamente”, disse o secretário.
Em Santa Rita do Passa Quatro, a prefeitura decretou lockdown entre quinta e segunda-feira (7), com proibição do atendimento presencial em supermercados, padarias, restaurantes, comércio.
“A verdade é que a conta não fecha. Ontem [segunda] tivemos quatro óbitos, três intubações, 75 resultados positivos em 90 [testes] de Covid. O sistema de saúde de Santa Rita está em colapso. Nós não temos mais Ribeirão Preto com facilidade para transportar pacientes, nós temos de resolver nossos casos aqui”, disse o prefeito Marcelo Simão (Patriota).
Elas se somam a outras cidades já em lockdown ou com restrições severas, como Franca, Restinga, Patrocínio Paulista, Itirapuã, Batatais, Ribeirão Preto, Jardinópolis e Brodowski.
Em Batatais, que iniciou lockdown em 15 de maio, pela primeira vez nas últimas semanas não havia, nesta terça-feira (1), pacientes na UPA à espera de vagas para internação.
“Nesse momento, seguimos com reflexos significativos em relação às medidas que foram implementadas, com redução de casos, mesmo em tão pouco tempo. Elas só vão surtir efeito nos próximos dias, ainda vamos experimentar muitas oscilações em relação a essas médias”, disse a secretária da Saúde, Bruna Toneti.