Lula acha que todos os partidos deveriam lançar candidatos a presidente

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Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Na manhã de hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em seu site oficial e redes sociais, não ter definido ainda se irá às manifestações contrárias ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) marcadas para o próximo sábado. “Não quero transformar um ato político em um ato eleitoral. Não quero os meios de comunicação explorando isso como o Lula se apropriando de uma manifestação convocada pela sociedade brasileira”, escreveu.

A demanda daqueles que se posicionam contra Jair Bolsonaro é evidente: não são os discursos polarizados que devem guiar esses eleitores em 2022. Os espaços demonstrados pelas pesquisas de opinião sobre rejeição a Lula e a grande quantidade de indecisos acerca do pleito presidencial mostram que uma parcela importante de brasileiros quer que a política se encaminhe por meio do diálogo — e não pela violência que foi tônica nas eleições de 2018.

Nesse sentido, se o ex-presidente Lula tomar a decisão de não comparecer aos atos anti-Bolsonaro do próximo sábado (19), terá sido uma estratégia inteligente.

Lula culpa a interpretação que a imprensa poderia fazer de sua presença. É aí que o ex-presidente erra em sua análise. O problema não são os jornalistas. O problema é que a oposição tem tido dificuldades de se organizar. E a dificuldade pode ser maior do que Lula dá a entender, ditam os mais recentes acontecimentos.

Lula sabe disso. “Agora é hora de construir o leque de apoios que precisamos”, escreveu. Mais cedo, em entrevista ao Sistema Tribuna de Comunicação, do Rio Grande do Norte, que defende não só uma candidatura, mas várias na chamada terceira via que “fuja” da polarização entre Bolsonaro e ele.

“As pessoas ficam preocupadas com a minha candidatura, com a candidatura à reeleição do presidente. Ora, eles podem lançar candidatos. Não tem que procurar um só, tem que procurar dez. Cada partido deveria lançar um candidato, e o povo vai votar e escolher quem pode ser eleito”, afirmou.

Ao Canal UOL, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse que não vê problemas em uma participação do ex-presidente, mas pontuou ressalvas: segurança e evitar aglomerações.

Mas há disputas que ficaram mais nítidas por conta de desentendimentos entre PSOL e PT em São Paulo.

Há desconforto, dentro do PSOL, por conta de certa pressão por parte de lideranças petistas que propõem que Guilherme Boulos (PSOL) abandone a pré-candidatura ao governo do estado, lance-se como deputado federal e apoie uma possível candidatura de Fernando Haddad (PT) a o Palácio dos Bandeirantes.

Se os partidos de esquerda não conseguirem dialogar entre si, essas alianças almejadas pelo ex-presidente podem ficar comprometidas. O desconforto nas respectivas bases ficou ainda maior com a ampla atenção recebida pelo líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) nos atos de 29 de maio e diante do aparente sumiço do ex-prefeito e ex-ministro da Educação de Lula nos atos.

Antes de aprofundar-se no discurso da terceira via, seria melhor a Lula somar-se à construção de uma reorganização da frente anti-Bolsonaro, dar consistência a ela mostrando a cumplicidade no enfrentamento a um projeto político destruidor, delimitar as pautas e os discursos (ainda que não sejam uníssonos) e, assim, abrir caminho para apoios de posicionamento mais moderado.

O que moveu o primeiro protesto e tomou as ruas do país foi o pesar. O pesar se respeita. Isso significa compreender a dor de quem não concorda com o PT. Lula sabe disso.

Uol