Para apoiar Lula, PSB não quer que PT lance candidatos em Estados

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Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O apoio do PSB à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto em 2022 passa por negociações, em âmbito regional, que podem sacrificar nomes do PT a governos estaduais.

O PT escolheu como prioridade, em sua política de alianças, levar Lula de volta à Presidência da República e, para isso, quer consolidar uma aliança formal com o PSB.

Para aceitar a reaproximação com o antigo aliado, o PSB elencou estados como prioritários para disputa do Executivo local: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco e São Paulo.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, confirma as articulações sobre os estados com o PT.

“É essa a conversa que vamos ter nos próximos meses”, disse ao Metrópoles. “Nosso objetivo é unir as forças democráticas”, destacou.

No PT, o chamado Grupo de Tática de Alianças (GTA) já analisa as exigências.

O senador Humberto Costa (PE), que participa do GTA, aponta que, em Pernambuco, não deve haver resistência para apoiar o candidato socialista ao governo. Nesse caso, a aliança é factível.

Nas eleições municipais do ano passado, Costa foi contra o rompimento com o PSB, mas, sob a orientação de Lula, o PT insistiu na candidatura da deputada Marília Arraes à Prefeitura de Recife. A parlamentar perdeu no segundo turno para João Campos, do PSB, em disputa que se tornou extremamente amarga.

Hoje a avaliação é de que a estratégia adotada de lançar o máximo de candidatos cabeça de chapa, nos principais colégios eleitorais, foi um erro. O PT minguou o número de prefeitos e vereadores.

“Em Pernambuco, estamos preparados para o que for necessário. Se o PT achar que é muito importante apoiar lá, a gente apoia. Se não for, também podemos ter candidato”, disse o senador.

Pernambuco é um dos locais mais simbólicos para o PSB. Terra de Miguel Arraes e Eduardo Campos, o estado tem o partido há 16 anos no poder. Os socialistas devem lançar o ex-prefeito de Recife Geraldo Julio como candidato à sucessão de Paulo Câmara.

Apoiando o PSB em Pernambuco, o PT também levaria para a aliança o apoio do PCdoB, partido da vice-governadora, Luciana Santos.

Além disso, o PSB também receberá outro quadro com perfil nacional do PCdoB. O governador do Maranhão, Flávio Dino, está de mudança: pretende se candidatar ao Senado como socialista.

Segundo Carlos Siqueira, só falta definir a data da filiação de Dino, que deve ocorrer ainda neste mês. “Já está tudo acertado, só falta escolher o dia até o fim deste mês”, revelou Siqueira.

O Rio de Janeiro é o estado onde a conversa entre PSB e PT mais está adiantada.

As duas legendas estão juntas em um grande acordo, com a formação de uma frente ampla em torno do nome de Marcelo Freixo.

Freixo deixou o PSol para se filiar justamente ao PSB. Para o PT, é importante ter esse palanque no Rio de Janeiro em torno de uma ideia principal: derrotar o presidente Jair Bolsonaro em seu estado de origem.

Já no Espírito Santo, a aliança nacional acabou impondo um pé no freio nos planos do PT local de lançar o nome do senador Fabiano Contarato (de saída da Rede) ao governo.

Contarato chegou a conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, em diálogo que resultou em convite formal de filiação.

Sua candidatura, no entanto, esbarra no desejo de reeleição do atual governador, Renato Casagrande, que não tem mantido boas relações com o PT no estado. Casagrande, inclusive, é uma das principais vozes do PSB contrárias à aliança formal para eleger Lula em 2022.

Diante desse impasse, Contarato recuou e aguarda uma definição da aliança nacional para decidir para qual partido deve migrar.

Outro estado em que as cartas estão na mesa, mas os acordos estão longe de acontecer, é São Paulo. Também elencado como prioridade do PSB, a aliança estadual vai depender do destino escolhido pelo ex-governador Márcio França, que já ensaiou conversas com o também ex-governador Geraldo Alckmin para uma eventual composição de chapa.

Alckmin está de saída do PSDB, com vistas a se candidatar ao governo pelo DEM ou pelo PSD.

Nesse caso, o PT pensa na candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad. Tudo indica que os desempenhos de Haddad e de França nas pesquisas serão cruciais para avaliar a viabilidade de uma possível aliança.

Metrópoles