Pazuello ensinou o que seu número 2 deve dizer à CPI
Foto: Pablo Jacob
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello fez questão de passar conselhos sobre seu depoimento na CPI da Covid a Élcio Franco, número dois da pasta na gestão do general. Franco, que era secretário-executivo do ministério, depõe nesta quarta-feira na Comissão.
Pazuello e o seu ex-subordinado se reuniram pessoalmente nesta semana para tratar da CPI. Nos encontros, o ex-ministro apontou quais questões devem ser o foco dos senadores, como a vacina, e orientou a forma de Élcio Franco respondê-las. Segundo interlocutores do general, a preocupação de Pazuello é evitar que o subordinado dê respostas contraditórias às suas e que isso possa estimular seu novo depoimento na CPI.
O ex-ministro mostrou alívio quando soube que sua reconvocação passou a ser analisada após a divulgação de um vídeo que reforça a tese da existência de um “gabinete paralelo” para orientar Bolsonaro sobre a Covid-19. Se os senadores insistirem em sua convocação, o ex-general avalia entrar com um pedido na Comissão ou na Justiça para não comparecer, sob o argumento de que já falou o que sabia.
Franco também foi orientado a não entrar em debates, nem rebater acusações. A estratégia, segundo governistas, é tornar o depoimento “monótono” e “desinteressante”.
Os senadores, no entanto, não pretendem facilitar a vida do ex-secretário da Saúde. Franco será questionado por que o Plano Nacional de Imunização só foi apresentado em dezembro do ano passado, após exigência do STF. Na avaliação dos senadores, o plano se mostrou falho, dada a escassez progressiva do imunizante. Ele também deve ser questionado sobre as reuniões que teve na pasta, por ordem do chefe.