Pedido de pressa à Pfizer é falta de noção do ridículo

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Foto: Américo Antonio/SESA.

A divulgação oficial não permite duvidar que Bolsonaro tenha conversado com executivos da Pfizer. O admirável é que o capitão cloroquina e a turma da vacina do jacaré tenham tido assunto. Soube-se que o presidente pediu a antecipação da entrega de vacinas cuja compra negligenciou por sete meses. Verifica-se que o coronavírus não é o único agente infeccioso que atormenta o Brasil. O inquilino do Planalto foi infectado por um vírus que elimina do organismo humano as enzimas que produzem o senso de ridículo.

A Pfizer tentou vender vacinas ao governo brasileiro desde meados do ano passado. Em agosto, formalizou oferta de 70 milhões de doses, com entregas a partir de dezembro. A nata da República deu de ombros. Bolsonaro, um presidente sem comprovação científica, apostava que a “gripezinha” seria contida por meio de “tratamento precoce” estrelado pela hidroxicloroquina.

Em dezembro do ano passado, quando a vacina da Pfizer começou a ser aplicada no exterior, Bolsonaro chamava a segunda onda da Covid de “conversinha”, sustentava que a pandemia estava no “finalzinho” e criticava as cláusulas leoninas do contrato oferecido pela Pfizer valendo-se de um enredo fabuloso sobre os hipotéticos efeitos zoogenéticos da vacina que transformava humanos em jacarés.

Bolsonaro não evoluiu. Ainda na semana passada, atormentou os brasileiros com a tese de que a maioria dos mortos por covid morreu de outras causas. Disse que as vacinas são “experimentais” e que só a poção mágica com a cloroquina salva.

De repente, num instante em que a CPI cerca o Planalto e o adversário João Doria promete antecipar o calendário de vacinação, o presidente revela uma súbita pressa para receber mais doses da Pfizer. São mesmo devastadores os efeitos do vírus que suprime do organismo de Bolsonaro as enzimas do senso do ridículo.

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