PT quer reconvocar Wajngarten na CPI
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Humberto Costa (PT-PE) protocolaram nesta quarta-feira requerimento para que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid reconvoqueSenadores do PT protocolam requerimento para reconvocar Wajngarten à CPI da Covid Fabio Wajngarten, ex-secretário especial de Comunicação Social da Presidência, para prestar novo depoimento como testemunha.
Na justificativa do requerimento, os senadores destacaram que “o Ministério das Comunicações concentrou seus gastos na divulgação da retomada de atividades e na campanha em favor do atendimento precoce, enquanto a divulgação da vacinação ficou em segundo plano”.
A pasta comandada pelo ministro Fábio Faria desembolsou apenas R$ 5 milhões com a divulgação da campanha de vacinação contra a covid-19, ante R$ 19,9 milhões para divulgar o suposto “tratamento precoce” e R$ 30 milhões para defender a volta ao trabalho.
“Esses gastos mostram claramente que a pandemia foi conduzida no sentido de promover a expansão do contágio natural entre todos os brasileiros e brasileiras”, explicam Carvalho e Costa em sua justificativa.
“Estamos colhendo os frutos fúnebres dessa visão equivocada do governo federal – são 462 mil mortes de brasileiros e brasileiras falecidos – com a possibilidade de agravamento da situação em razão de uma terceira e uma quarta ondas no Brasil, causadas pela defesa do contágio natural pelo governo federal para a produção de imunidade de rebanho”, completam.
Em sua primeira oitiva, Wajngarten entregou à CPI a carta que a Pfizer enviou ao governo brasileiro em 12 de setembro, na qual a farmacêutica oferecia antecipadamente vacinas ao Brasil. Na ocasião, ele afirmou que o dono da emissora Rede TV, Marcelo de Carvalho, foi quem lhe avisou, em novembro, que o governo jamais havia dado resposta à Pfizer.
“A carta tinha se perdido ou não sido respondida”, relatou o ex-auxiliar do Palácio do Planalto. Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e os ministros Paulo Guedes (Economia) e Eduardo Pazuello (Saúde) eram os destinatários da carta.
Em 9 de novembro, Wajngarten entrou em contato com a Pfizer e, no mesmo dia, por volta das 14h, foi ao gabinete do presidente, que estava com Guedes. “Quando a Pfizer ligou, subi no gabinete do presidente por volta das 14h. Ele estava com Guedes.”
O ministro da Economia teria falado rapidamente com o representante da Pfizer no telefone. “Guedes disse ‘é esse o caminho’”. Bolsonaro, segundo o relato, teria anotado em um papel apenas “Anvisa”, ou seja: compraria quando houvesse liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Na carta de setembro aos governantes brasileiros, a Pfizer detalhava que desenvolvia uma “opção muito promissora para mitigar os efeitos da pandemia em seu país”. Mas alertava que precisava fechar negócio rápido para dar preferência ao Brasil.
“Porém, celeridade é crucial, devido à alta demanda de muitos países e ao número limitado de doses. Fechamos acordo com o governo dos EUA para fornecer 100 milhões de doses”, pontuava a farmacêutica.
Apesar de avisado em novembro por Wajngarten, Bolsonaro excluiu trecho da Medida Provisória 1.026, publicada em 6 de janeiro, trecho que poderia ter facilitado a compra da vacina da Pfizer para a covid-19.
Na primeira versão da MP, havia um artigo que autorizava a União a assumir a responsabilidade sobre efeitos adversos que os imunizantes pudessem apresentar.
A questão só foi resolvida posteriormente por ação do Congresso e, em março, finalmente o Brasil fechou a compra de 14 milhões de doses com a farmacêutica a serem entregues até junho. Nesta semana, o Brasil fechou a compra de mais 100 milhões de doses, que chegarão até setembro.