Bolsonaro prepara medidas sociais para último ano

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Foto: Adriano Machado/Reuters

A estratégia do presidente Jair Bolsonaro para a campanha da reeleição passa agora pela comunicação ao pé do ouvido. De segunda a sexta-feira, Bolsonaro dá longas entrevistas a rádios regionais, onde fala o que bem entende e quase não é contestado. A avaliação no Palácio do Planalto, agora com Ciro Nogueira como “capitão do time”, é que a disputa de 2022 não apenas não está perdida como Bolsonaro pode se recuperar até o fim do ano com o casamento de papel passado com o Centrão.

Falta, porém, combinar o jogo com o candidato, que investe contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dia sim e outro também. Da pandemia de covid ao voto impresso, as críticas e até xingamentos aos magistrados passam por vários temas da República.

Apesar de todas as crises enfrentadas pelo governo, que é alvo de denúncias de corrupção na CPI da Covid, protagoniza ataques à democracia e perde cada vez mais popularidade, aliados de Bolsonaro apostam que ele vai surfar numa nova onda em 2022.

O diagnóstico que sustenta a avaliação otimista no Planalto prevê o lançamento de um conjunto de medidas sociais – com aumento de 50% para um Bolsa Família turbinado a partir de novembro e um pacote de empregos – somado à perspectiva de avanço da vacinação e consequente melhora da pandemia. Além disso, nove entre dez aliados de Bolsonaro citam agora a projeção de mercado contida no Relatório Focus, atualizada na última segunda-feira, 26, que estima um índice de crescimento de 5,29% neste ano.

Auxiliares do presidente dedicados a traçar estratégias de comunicação para a campanha com base em pesquisas argumentam que a “euforia” sentida pela “turma da Faria Lima” e por empresários só terá impacto sobre os pobres daqui a quatro ou cinco meses. Nesse cenário cor de rosa, ninguém dá destaque para o endividamento recorde das famílias em um momento de desemprego beirando 15% e inflação na estratosfera, como mostrou o ‘Estadão’ nesta quinta-feira, 29.

“Vamos divulgar as ações do nosso governo, levar informação precisa ao nosso povo. Não vamos ficar no ataque rasteiro”, diz Bolsonaro. “Todo dia, de segunda a sexta-feira, falaremos com uma rádio, não interessa o alcance dela”. Na prática, não é bem assim: o plano foi montado porque o governo sabe que declarações de Bolsonaro para rádios regionais são replicadas em veículos da grande imprensa, em todo o País.

No pacote de “bondades” previsto para a nova embalagem do governo há uma atenção especial ao Nordeste. Não sem motivo: a região sempre foi um celeiro de votos do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas para a corrida de 2022.

Para ter a fidelidade do Centrão até o fim, no entanto, Bolsonaro terá de entregar mais pontos. Depois de conseguir emplacar na Casa Civil o senador Ciro Nogueira – que é do Piauí e já foi aliado do PT – e recriar o Ministério do Trabalho, agora batizado de Emprego e Previdência, o Centrão quer desidratar o poder do ministro da Economia, Paulo Guedes. A pressão por cargos está longe de acabar e vai muito além do Trabalho, “exumado” a partir de uma “costela” da Economia. Agora, a cobrança é pelo controle orçamentário e, para tanto, partidos do bloco fazem tudo para tirar de Guedes o Ministério do Planejamento.

“Paulo Guedes está dizendo que aprendeu a lidar com o Congresso. Ele já perdeu Emprego e Previdência e vai perder o Planejamento. É um craque da nova política: vai quebrar o Brasil e ainda ficar sem ministério”, ironizou o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido-RJ).

Maia enumerou fiascos do governo, como a privatização da Eletrobrás. A equipe econômica espera arrecadar nessa operação R$ 60 bilhões, embora os “jabutis” incluídos no projeto tenham gerado uma conta de R$ 84 bilhões, a ser paga pelos consumidores nos próximos anos.

Na lista da articulação desastrada citada por Maia também está o acerto feito pelo governo para repassar R$ 16,5 bilhões em emendas a parlamentares, em troca da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial. A PEC permitiu a recriação do auxílio emergencial e instituiu medidas de ajuste fiscal para o futuro, classificadas por Guedes como essenciais.

Não há dúvidas de que o ministro da Economia está com os dois pés na campanha para reconduzir Bolsonaro ao Planalto. Exibe um estilo mais alinhado à política, para injetar “dinheiro na veia do povo”. Mas o título de Posto Ipiranga que apaga incêndios foi transferido a Ciro Nogueira. Resta saber até quando Ciro vai resistir à maldição da Casa Civil, porque, como se sabe, ali ninguém esquenta a cadeira.

Estadão  

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