
CPI tenta impedir que líder do governo manipule calendário
Foto: Ailton de Freitas/Valor – 3/2/2021
Apesar de todas as acusações e indícios que pesam contra o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), a CPI da Covid tenta postergar, ao máximo, o depoimento dele à comissão.
A demora no agendamento do testemunho tem um motivo: a cúpula da CPI quer ver o parlamentar do Centrão “sangrar” politicamente, o que pode culminar, inclusive, com sua saída do cargo de líder governista. Diante da estratégia, Barros está buscando respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF) para poder dar sua versão dos fatos.
Ainda que o parlamentar tente garantir uma ordem judicial, a o entendimento na CPI é que a prioridade agora é coletar, por meio de terceiros, o máximo de informações sobre o envolvimento dele em possíveis esquemas de favorecimento de empresas. Os senadores dizem, em caráter reservado, que sabem que o líder do governo negará todo suposto conchavo. Mais do que isso, não trará nenhum elemento novo para as apurações.
Além disso, a cúpula da CPI acredita que Barros quer deslegitimar os relatos feitos pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), peça-chave para ligar as suspeitas em relação à compra da vacina Covaxin ao presidente Jair Bolsonaro.
“O líder do governo quer impor sua ida à CPI. Diz que teve sua honra sequestrada. Teve sim: por seu chefe Bolsonaro, que o acusou e até hoje não negou ou defendeu”, ironizou, ontem, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em suas redes sociais.
Ontem, falando a apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro criticou a CPI por não marcar logo o depoimento de seu líder na Câmara.
“Olha aqui, o Ricardo Barros quer falar. A CPI não quer ouvir mais ele. Deixa ele falar”, disse. “Estão acusando que ele fez algo de errado, deixa ele depor na CPI. O interesse é ouvir quem vai falar o que interessa para ele.”
O próximo passo dos senadores deve ser a quebra do sigilo telefônico, fiscal, bancário e telemático de Barros. Os senadores avaliam aprovar o pedido antes mesmo de ouvirem o deputado na CPI.
A solicitação de abertura de sigilo é assinada por Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que cita, como argumento principal, as acusações feitas por Miranda. Segundo deputado do DEM, Bolsonaro teria responsabilizado Barros, em conversa privada, pelas pressões feitas contra servidores da Saúde no processo de compra da Covaxin.
“Viu-se, no curso das investigações, outras provas e indícios que vinculam o sr. Ricardo Barros aos fatos objeto de inquérito, além da informação do deputado federal Luis Miranda de que o presidente da República reconheceu perante duas testemunhas, diante da materialidade do delito, a sua autoria – imputação em nenhum momento negada pelo senhor Jair Bolsonaro -; e, mais, de que o referido parlamentar federal lidera grupo de agentes públicos e privados cuja relação com os fatos que esta Comissão investiga são notórios”, escreveu Alessandro no pedido.
A quebra de sigilo consta da pauta de requerimentos prevista para ser votada hoje, mas isso ainda precisa ser alinhado entre os senadores. “O Código de Processo Penal elenca um conjunto de provas. É um conjunto probatório que vai servir [para a acusação]. Se houve a quebra de sigilo das pessoas que passaram pela CPI até agora, é óbvio que o mesmo tratamento tem de ser dado a ele [Ricardo Barros]. Amanhã vamos analisar vários requerimentos, espero que inclua também o dele”, defendeu Fabiano Contarato (Rede-ES).
Provocado a analisar o impasse, o STF estabeleceu que a CPI da Covid tem cinco dias para se manifestar sobre o pedido apresentado pelo líder do governo contra o adiamento do seu depoimento, que chegou a ser marcado, inicialmente, para o dia 8 de julho.
Nas redes sociais, Barros alegou ter o direito à defesa cerceado por abuso de poder do comando do colegiado. Em meio à disputa, a CPI deve ouvir, nesta semana, duas pessoas próximas a ele: a servidora Regina Célia, que atuou no caso Covaxin, e Roberto Dias, ex-diretor da Saúde acusado de pedir propina.
Assinatura
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