Delator acusa Miranda, mostra áudio e depois recua

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Foto: Pablo Jacob

O vendedor Luiz Paulo Dominguetti que se apresentou como representante da Davati Medical Supply — que diz ser intermediária na venda da vacina AstraZeneca — afirmou, em depoimento nesta quinta-feira à CPI da Covid, no Senado, que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) procurou a Davati para negociar diretamente compra de vacina. Dominguetti chegou a mostrar um áudio que comrpovaria a acusação, mas depois voltou atrás.

— Que eu tenha a informação de parlamentar que tentou negociar a busca de vacina diretamente, eu tenho essa informação. A informação que eu sei é um, inclusive com áudio dele tentando negociar a vacina com o ministério — disse o vendedor.

Perguntado sobre quem foi, ele disse:

— O que depôs aqui fazendo acusações contra o presidente da República (em referência a Luis Miranda).

Dominguetti diz que não chegou a tratar diretamente com o deputado – que teria conversado com o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho.

“O Cristiano me relatava que volta e meia tinha parlamentares procurando, e o que mais incomodava era o Luis Miranda, o mais insistente com a compra e o valor de vacinas. O Cristiano me enviou um áudio onde pede que seja feita uma live, o nome dele, que tinha um cliente recorrente, que comprava pouco, em menos quantidade, mas que poderia conseguir colocar vacina para rodar”, declarou.

O vendedor apresentou um áudio, que mostra uma negociação, mas sem especificar que produto era. Na gravação, Miranda não cita a palavra “vacina” ou “imunizante” no áudio, fala em “produto” e “carga”. Depois de mostrar a gravação, em resposta a uma pergunta da senadora Eliziane Gama, ele mudou a versão e disse não saber se era mesmo vacina. Dominguetti se limitou a dizer apenas que havia indicativos de que, pelo “modus operandi” da transação, tratava-se e vacina.

— Eu não posso fazer juízo de valor. Quem pode dizer de que era a transação, de que produto era somente Cristiano — disse Dominguetti na CPI.

O depoente sugeriu também que o “comprador” mencionado por Luis Miranda no áudio era seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Depois, porém, questionado também por Eliziane, negou saber quem era e disse que só Cristiano poderia responder. O parlamentar não cita o servidor no áudio.

A mensagem de voz, que teria sido recebida em 24 de junho, será periciada pela Polícia Legislativa e disponibilizada a todos os senadores. O celular do vendedor foi apreendido pela CPI.

Ao GLOBO, Cristiano Alberto Carvalho negou que o áudio do deputado tratasse da negociação de vacinas, como foi alegado. Segundo Carvalho, Dominguetti quer “aparecer”.

A acusação gerou intenso debate na CPI. O senador Fabiano Contrato (Rede-ES) defendeu a prisão em flagrante de Dominguetti, com base no artigo 342 do Código Penal, que diz ser crime “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”.

— Essa testemunha foi plantada. Está em situação flagrancial do artigo 342. Tem que dar voz de prisão — disse Contarato.Senadores governistas contestaram.— Com base em que fala isso? — perguntou Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.— Plantada por quem? — questionou Marcos Rogério (DEM-RO).

Luis Miranda e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, prestaram depoimento na CPI na semana passada. Eles disseram que houve pressão na pasta para liberar a importação da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, e que tiveram um encontro com Bolsonaro relatando o caso.

Luis Miranda (DEM-DF) nega ter qualquer conhecimento da existência da empresa Davati Medical Supply. Diz que nunca tratou sobre vacinas com Dominguetti ou com qualquer outra pessoa.

— É mentira, lógico que não. Eu nunca falei sobre vacinas. Não sei nem quem é (Dominguetti). Estou começando a achar que esse cara foi enviado por (Jair) Bolsonaro para fazer denúncias mentirosas.

O Globo 

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