Em entrevista, Temer ensina a derrubar presidentes
Foto: Mathilde Missioneiro – 4.fev.2020/Folhapress
Um impeachment de Jair Bolsonaro só seria viável com povo na rua, pois o Congresso não derruba ninguém sozinho. A opinião é do antecessor do presidente, Michel Temer (MDB), que chegou ao cargo na esteira do impedimento de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Para ele, que nega a acusação feita pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha de que teria tramado a queda da ex-chefe, impeachment causa “trauma institucional”.
Aos 80 anos, Temer está mais ativo do que nunca em seu escritório de advocacia no Itaim-Bibi, bairro nobre paulistano. Recebe clientes e políticos, e trabalha naquilo que considera saída para a entropia política brasileira: o semipresidencialismo.
Modelo análogo ao francês e ao português, nele o presidente divide poderes com o primeiro-ministro, não sendo uma proverbial “rainha da Inglaterra” a dar palpites. Temer diz que só “aguentou aqueles dois anos e meio” porque aplicou uma versão da fórmula ao fazer com que o Congresso indicasse ministros.
A ideia vem sendo conversada com ministros do Supremo e líderes de partidos da dita terceira via, conceito que Temer vê com reservas.
Ele sugere a ideia de que o próximo presidente precisa ser alguém com experiência, mas rejeita concorrer: “Já fiz de tudo”.
Dois anos após ter sido preso por quatro dias no escopo da Lava Jato, o ex-presidente tem se livrado da maioria das acusações, mas nega clima de impunidade. “Combate à improbidade está prevista no sistema normativo”, disse.
O ex-presidente também negou que tenha aberto as portas para a ocupação militar do governo, a partir da influência de generais na Esplanada. E criticou a ida do general Eduardo Pazuello ao Ministério da Saúde.
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