Jovens negros precisam ver executivos negros para se inspirarem

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Foto: Bruno Santos/Folhapress

Em março deste ano, Edvaldo Vieira, 53, se tornou um dos poucos executivos negros a liderar uma grande empresa no país, a Amil, parte do grupo UnitedHealth Group Brasil.

Como a maior parte dos pretos e pardos brasileiros, o executivo conta ter enfrentado episódios de racismo desde sempre:

“Sou o mais velho de quatro irmãos e tinha 15 anos quando meu pai faleceu. No seu enterro, lembro de alguém perguntar para a minha mãe: ‘o que será desses meninos? Quatro bandidos?’”.

Para ajudar a sustentar a família, começou a trabalhar como office boy em um banco. Depois, se inscreveu no programa de treinamento da mesma instituição e foi aprovado, dando início a uma carreira bem sucedida no mundo corporativo.

As conquistas profissionais não encerraram o preconceito no trabalho e na vida pessoal: “Recentemente, estive sob a mira da arma de um policial, que me perguntou se o carro que dirigia era realmente meu”, disse à Folha.

Na Amil, Edvaldo quer que o corpo de funcionários reflita “o que encontramos na sociedade brasileira”. Para acelerar o processo, a empresa estabeleceu, neste ano, metas ligadas à diversidade, que terão impacto sobre a remuneração variável dos gestores. “Intencionalmente, movemos a agulha da inclusão”.
Além do trabalho dentro da empresa, Vieira afirma que perdeu o receio de se tornar uma referência para jovens negros:

“Durante muito tempo, pensei que servir de modelo poderia soar como falta de humildade. Até, recentemente, assimilar que jovens negros precisam de modelos que tenham seu fenótipo para se inspirar. E que eu poderia ajudar nesse sentido, compartilhando minha história”.

A entrevista do executivo à Folha é parte da série A Cor da Desigualdade no Brasil.

Folha de S. Paulo

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