Justiça liberta esposa de ativista que incendiou estátua

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Foto: Reprodução

A Justiça revogou hoje a prisão temporária de Géssica de Paula Silva, que permaneceu dois dias atrás das grades por suspeita de ter participado do incêndio à estátua do bandeirante Borba Gato em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. A decisão se baseia no rastreamento do aparelho telefônico, que constatou que ela estava dentro de casa no dia do ato, ocorrido no último sábado (24).

Géssica se apresentou voluntariamente na última quarta-feira (28) à polícia com o companheiro, o entregador de aplicativos e ativista Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, que afirmou ter sido um dos autores do ato. Contudo, ela negou participação no incêndio em vídeo obtido com exclusividade pelo UOL no momento em que prestava depoimento. “Eu estava na minha casa, cuidando da minha filha de 3 anos e do meu irmão, de 9 anos”, disse.

A decisão foi assinada pela juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital — ontem, a mesma magistrada havia pedido prazo de 24 horas para se posicionar sobre o pedido de liberdade.

Além da análise do aparelho telefônico de Géssica, a Justiça também citou os depoimentos registrados por Galo e por Danilo Silva de Oliveira, que negaram a participação dela na ação em depoimento registrado no 11º Distrito Policial de Santo Amaro.

Não é possível confirmar sua participação direta no ato. Por fim, informa que até o presente momento, não foram identificadas nos vídeos manifestantes do gênero feminino.”
Trecho da decisão da juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli

Após a prisão de Géssica, a defesa dela chegou a entrar com pedido de conversão de prisão temporária em domiciliar, já que ela é responsável pelos cuidados da filha de 3 anos. Após a detenção, o advogado Jacob Filho disse que ela só foi presa porque o telefone utilizado por Galo estava em nome dela.

Em pedido de revogação da prisão temporária de Galo nesta semana, ele disse citou decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de 2018 que veda prisões de mulheres responsáveis legais por criança menores de 12 anos. À época, a 2ª Turma determinou que elas fossem soltas e cumprissem prisão domiciliar enquanto aguardavam julgamento.

Inaugurada nos anos 1960 a estátua de Borba Gato gera polêmicas desde que foi instalada na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, no bairro de Santo Amaro.

O monumento homenageia Borba Gato, que fez parte do grupo de bandeirantes paulistas que exploraram territórios no interior do país, capturando e escravizando indígenas e negros entre os séculos 16 e 17, segundo obras como “Vida e Morte do Bandeirante”, de Alcântara Machado, de 1929.

Em 2016, a estátua de Borba Gato foi atacada com um banho de tinta. A mesma intervenção também não perdoou o Monumento às Bandeiras, imponente obra de Victor Brecheret localizada no Parque do Ibirapuera, na capital paulista.

No ano passado, em meio aos protestos #BlackLivesMatter lançarem ao rio uma estátua de um traficante de escravos em Bristol, no Reino Unido, o debate em torno do monumento ganhou força nas redes sociais brasileiras por conta do histórico do bandeirante.

À época, a subprefeitura de Santo Amaro solicitou a instalação de gradis e vigia 24 horas pela Guarda Civil Metropolitana.

Morador do Jardim Guaruau, na zona Oeste da capital, Galo ganhou o apelido por conta de uma moto 7 Galo que usava para trabalhar como motoboy. Em março de 2020, começou a denunciar as condições de trabalho da categoria durante a pandemia, de onde surgiu o coletivo Entregadores Antifascistas, e a pedir a disponibilização de comida e kit higiene à categoria.

“Convidei os caras para ir até uma manifestação de domingo, para a gente observar e aprender junto como se constrói um ato junto com a galera do movimento negro para, quem sabe, um dia, a gente ter um ato grandão só nosso para falar das nossas pautas”, declarou ao UOL em entrevista no ano passado.

Uol  

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