PM-delator de propina será investigado pela CPI
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pediram nesta quinta-feira a apreensão do celular do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se apresentou como representante da Davati Medical Supply — que diz ser intermediária na venda da vacina AstraZeneca — após a apresentação de áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). A mensagem de voz, que teria sido recebida em 24 de junho, será periciada pela Polícia Legislativa e disponibilizada a todos os senadores.
— Como providência inicial, eu peço para V. Exa., desde já, determinar a apreensão do telefone do depoente — disse Renan.
Também foi solicitada a apreensão do passaporte, que será votada em plenário. O caso gerou tumulto no Senado e levou a diversas interrupções à fala da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), considerada a oitava membra do G7 da CPI.
— Eu peço à Polícia Legislativa para, logo após o senhor depoente entregar o seu telefone… — completou Randolfe, que presidia a sessão temporariamente no lugar de Omar Aziz (PSD-AM).
O áudio mostra uma negociação, mas sem especificar que produto era. Miranda não cita a palavra “vacina” ou “imunizante” ou até mesmo o irmão no áudio. Em vez disso, fala em termos genéricos, como “produto” e “carga”. Depois de mostrar a gravação, ele mudou a versão e disse não saber se era mesmo vacina, em resposta à pergunta da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Dominguetti se limitou a dizer apenas que havia indicativos de que, pelo “modus operandi” da transação, tratava-se de vacina
— Eu não posso fazer juízo de valor. Quem pode dizer de que era a transação, de que produto era somente Cristiano — disse Dominguetti à CPI.
O depoente sugeriu também que o “comprador” mencionado por Luis Miranda no áudio era seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Depois, porém, questionado também por Eliziane, negou saber quem era e disse que só Cristiano poderia responder. O parlamentar não cita o servidor no áudio. Procurado pelo GLOBO, o deputado negou as acusações.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) defendeu a prisão em flagrante de Dominguetti, com base no artigo 342 do Código Penal, que diz ser crime “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”.
— Essa testemunha foi plantada. Está em situação flagrancial do artigo 342. Tem que dar voz de prisão — disse Contarato.
Senadores governistas contestaram.
— Com base em que fala isso? — perguntou Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
— Plantada por quem? — questionou Marcos Rogério (DEM-RO).
A mensagem de voz, que teria sido recebida em 24 de junho, será periciada pela Polícia Legislativa e disponibilizada a todos os senadores. Os irmãos Miranda denunciaram supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos. Procurado pelo GLOBO, o deputado negou as acusações.
Depois de apresentar áudio muito questionado na CPI da Covid, o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti foi repreendido pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
— O senhor está sob juramento. Está certo? Não venha achar que aqui todo mundo é otário — concluiu o senador.
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