Presidente da CPI ajudou Bolsonaro sem saber

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O imbróglio causado na CPI da Covid-19 pelo depoimento do representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti, tem dois pais: o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, e o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ao primeiro não interessava tamanha confusão, ao segundo, sim.

Quem deveria depor era o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, para explicar o processo de compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin por R$ 1,6 bilhão, o valor mais caro por dose. O contrato foi assinado quando a vacina ainda estava em período de teste e sem aprovação da Anvisa.

Na última sexta-feira (25/6), de comum acordo com o governo, Maximiano entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para se manter em silêncio durante o depoimento. Na terça-feira (29/6), o governo anunciou a suspensão do contrato e acionou a Polícia Federal para que investigasse a compra da vacina.

Na quarta-feira, dia 30, Rosa Weber, ministra do Supremo, reconheceu que nesse caso Maximiano teria o direito de permanecer calado para não produzir provas contra ele mesmo. Foi a condição de investigado que permitiu ao empresário Carlos Wizard repetir 70 vezes na CPI que ficaria em silêncio.

Para que ontem Maximiano não frustrasse a CPI como Wizard o fizera no dia anterior, Aziz apressou-se em convidar Dominguetti para depor sobre o pedido de propina que ele dissera ter recebido de três membros do Ministério da Saúde – um deles, Roberto Ferreira Dias, diretor do Departamento de Logística.

Mais de um senador alertou Aziz para só convidar Dominguetti depois de dispor de maiores informações a seu respeito. O que Dominguetti dissera, em entrevista à Folha de S. Paulo, precisava ser comprovado. Aziz convidou Dominguetti por telefone, ele topou na hora, e desembarcou ontem cedo em Brasília.

A bancada bolsonarista na CPI compareceu em peso à sessão sabendo de véspera que o testemunho de Dominguetti reservava uma surpresa desagradável para os adversários do governo. E foi assim. Dominguetti repetiu a denúncia sobre o pedido de propina, para em seguida exibir um áudio que estourou como uma bomba.

No áudio, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que em reunião com Bolsonaro, em 20 de março passado, havia contado sobre a compra superfaturada da vacina Covaxin, aparentemente discutia com uma pessoa não identificada a venda de imunizantes. Foi um assombro. Instalou-se o clima de barata voando na CPI.

Mas para decepção dos governistas, durou pouco. O áudio havia sido editado. Miranda não tratava de venda de vacinas, mas de luvas. Dominguetti, acossado, admitiu ter recebido o áudio de um amigo e que não poderia atestar sua veracidade. Apesar disso, à noite, Bolsonaro comemorou essa parte do depoimento de Dominguetti.

Se dependesse de boa parte dos senadores da CPI, Dominguetti teria saído dali preso por mentir. Aziz foi contra. “Não desejo para ninguém o que não quero para mim”, argumentou Aziz. Que tem o trauma de já ter visto seus três irmãos e a própria mulher presos por acusações que não foram provadas até hoje.

Metrópoles

 

 

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