Submutações do vírus ameaçam recrudescer a pandemia

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Foto: Divulgação/Fiocruz

Pesquisadores brasileiros descobriram que a variante Gamma (antes denominada P.1 e descoberta originalmente no Amazonas) deu origem a três sublinhagens que circulam e já causam a maioria dos casos no estado. Duas delas já prevaleciam à cepa original nas amostras coletadas no final de maio.

Os achados genômicos foram publicados no sábado (3) no site Virological, um fórum de discussão internacional de pesquisadores na área de virologia.

“Nós temos aqui no Amazonas a circulação da variante P.1. O problema é que ela está passando por evolução. Nessa publicação, mostramos a emergência dessas três sublinhagens”, explica o virologista Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia e o responsável pela descoberta.

Mutações são evoluções naturais e contínuas do vírus em seu processo de multiplicação. Quando ela confere alguma vantagem na sua disseminação, tende a se tornar prevalente —como ocorreu com a Gamma.

Agora, a tendência é que o vírus circulante em áreas com altas taxas de imunidade busque evoluir para furar a barreira e infectar o ser humano.

Segundo o estudo publicado, as análises no Amazonas foram feitas com base em amostras até o final de maio passado. O resultado sugere que “essas sublinhagens P.1 provavelmente continuarão a se espalhar nos próximos meses no Amazonas e em outros estados brasileiros”.

Após causar o pico da epidemia no Amazonas, em janeiro, a variante Gamma se espalhou pelo país e se tornou prevalente, com 91% dos casos de covid-19 no Brasil em maio —e 100% dos casos no Amazonas.

O Amazonas vem registrando número estável de casos desde março, após viver o pico da segunda onda. Entretanto, mantém uma média de aproximadamente 500 casos diários, o que chamou a atenção dos cientistas.

“Nosso estudo confirma que a circulação persistente de SARS-CoV-2 após a segunda onda epidêmica de covid-19 no estado do Amazonas foi associada à evolução contínua do VOC [variante de preocupação] P.1 através da aquisição de deleções ou mutações na spike”, diz o texto, assinado por 23 pesquisadores, de quatro instituições diferentes do país.

Nossa hipótese é que a transmissão contínua da variante Gamma na população amazônica com altos níveis de imunidade adquirida tanto da infecção natural por SARS-CoV-2 quanto da vacinação pode selecionar para a segunda geração de variantes P.1 que são mais resistentes à neutralização do que os vírus originais.

Segundo Naveca, o próximo passo é saber se há risco de furo da imunidade vacinal com essas alterações.

Essa é a principal pergunta a ser respondida. Levando-se em conta que Manaus tem um número elevado de pessoas vacinadas ou que tiveram infecção em uma das duas ondas, nós estamos levantando os dados epidemiológicos para avaliar essa hipótese.
Felipe Naveca, virologista

Por hora, até uma classificação do grupo de curadoria internacional, as sublinhagens estão sendo chamadas de “P.1 + 141-144AM”, “P.1 + N679KAM” e “P.1 + P681HAM”. Delas, as 679 e 681 já tiveram maior frequência na detecção de casos na última quinzena de maio em comparação à P.1 original.

Felipe Naveca explica que uma das mutações é semelhante à da variante Delta, descoberta pela primeira vez na Índia e que está associada a mais transmissão e possibilidade de mais hospitalizações no Reino Unido.

A mutação P681H já tinha sido vista em outras amostras em São Paulo e Goiás, mas esse aumento visto no Amazonas é que chamou a atenção.
Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz

Na prática, isso quer dizer que essa sublinhagem do vírus está se tornando uma das predominantes. “A mutação N679K é similar à outra P681, no sentido de estarem muito próximas do sítio de clivagem (corte) da Spike. Acreditamos que ela aumenta a capacidade de infectar as células humanas, por aumentar a afinidade a uma molécula chamada furina”, diz.

A proteína citada por Naveca é essencial para que o novo coronavírus ative a proteína spike do vírus. A spike serve como uma espécie de chave para abrir a “porta de entrada” no corpo humano para a entrada do SARS-CoV-2.

Os cientistas alertam, porém, que ainda é cedo para saber como as mutações vão se comportar daqui por diante. Entretanto, diante da evolução do vírus e do grande número de achados dessas sublinhagens no Amazonas, alertam que há risco de aumento na transmissibilidade do SARS-CoV-2.

“Uma das três sublinhagens (denominada NTDDel) têm deleções provavelmente para escapar de anticorpos que existem para essa região do vírus. As outras duas sublinhagens (P681H e N679K) possuem mutações que são muito próximas a uma região do vírus que é cortada por uma enzima das nossas células durante o processo de infecção. Essas mutações (679 e 681) parecem aumentar a capacidade do vírus de entrar nas células”, citam os pesquisadores.

Uol

 

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