Biden manda recado a Bolsonaro sobre polêmica do voto impresso

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Foto: Adriano Machado – 8.ago.2021/Reuters

Em meio às ameaças do presidente Jair Bolsonaro contra o pleito presidencial do ano que vem, um alto funcionário da Casa Branca afirmou, nesta segunda-feira (9), que o governo Joe Biden confia nas instituições brasileiras para a organização de eleições “livres e justas” e que não existem sinais de fraude em disputas eleitorais do passado.

Ele destacou ainda que é importante não minar a confiança no processo democrático.

As declarações de Juan Gonzalez, diretor sênior para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional, são feitas dias depois de uma reunião do Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, com Bolsonaro.

O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, e Gonzalez também esteve presente.

“Nós fomos muito diretos, expressando grande confiança na habilidade das instituições brasileiras de levar adiante eleições livres e justas, com as salvaguardas necessárias para proteger o processo contra fraudes. E nós ressaltamos a importância de não se minar a confiança nesse processo, considerando especialmente que não existem sinais de fraude em eleições anteriores”, disse Gonzalez.

Sullivan se encontrou com Bolsonaro na quinta-feira (5), na esteira de uma visita de alto nível dos EUA ao Brasil com foco na pressão diplomática contra a participação de empresas chinesas no futuro mercado do 5G nacional. Sullivan e assessores de Biden também trataram de meio ambiente e defesa, sendo que os americanos ofereceram apoio ao governo Bolsonaro para que o Brasil se converta num parceiro global da Otan (aliança militar ocidental).

Na sexta (6), a Folha revelou que Sullivan disse a Bolsonaro que a administração Biden acredita que as instituições brasileiras podem conduzir eleições justas com o sistema de votação atual.

O presidente brasileiro é um defensor do voto impresso e tem promovido uma série de declarações golpistas, que chegaram a colocar em dúvida a realização das eleições em 2022.

Os frequentes ataques de Bolsonaro contra o sistema eletrônico de votação e contra o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, abriram uma crise com o Judiciário e elevaram a temperatura da crise institucional no país.

Nesta segunda, ao comentar a conversa da delegação dos EUA com um grupo de jornalistas, Gonzalez fez ainda paralelos com a política americana. Nos EUA, o presidente Donald Trump alimenta a teoria da conspiração de que as eleições vencidas por Biden teriam sido roubadas.

“Nosso ponto é que podemos ter uma relação institucional ampla com o Brasil. Podemos tratar de questões de segurança e cooperação econômica e ainda assim ser bem claros em termos do nosso apoio para que os brasileiros sejam os responsáveis em, realmente, determinar o resultado das suas eleições. Foram essas as conversas que tivemos [no Brasil]. E fomos muito sinceros em relação às nossas visões, especialmente considerando alguns dos paralelos, de chamar eleições de inválidas antes que elas aconteçam; é algo que obviamente tem paralelos com o que está acontecendo nos Estados Unidos”, disse Gonzalez.

Bolsonaro é aliado de Trump e se declara um admirador do republicano.

As relações com o governo Biden começaram estremecidas principalmente por falas de Bolsonaro que endossaram as acusações de Trump sobre fraude no pleito americano.

Desde o início do ano o Itamaraty tenta construir pontes com a nova administração e afastar o líder brasileiro da pecha de trumpista.

Alguns aliados próximos do presidente, no entanto, têm atuado na direção contrária.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente brasileiro, publicou fotos ao lado de Trump, com quem se encontrou nesta terça.

Ele disse ainda ter convidado Trump para visitar o Brasil “quando [ele] entender conveniente”, citando como possibilidade um encontro de conservadores organizado pelo parlamentar.

“Estou do lado dos que não se curvam ao politicamente correto, trabalho na luta contra regimes autoritários evitando assim novas guerras. Estou do lado de homens de reputação ilibada e autoridade moral para andar de cabeça erguida nas ruas a qualquer tempo, que defendem a família, a propriedade privada, a legítima defesa pelas armas de fogo, a liberdade religiosa, enfim, as liberdades naturais”, escreveu.

Em sua defesa do voto impresso, Bolsonaro desencadeou uma série de declarações golpistas que colocaram em dúvida a realização das eleições no ano que vem.

“Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição”, disse Bolsonaro em 1º de agosto.

As falas contra as instituições do país abriram uma crise com o Judiciário e desde então a tensão institucional tem escalado.

Para esta terça (10), o Ministério da Defesa deve promover um desfile militar com veículos blindados, o que parlamentares veem como nova tentativa de intimidação.

Folha de S. Paulo

 

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