Cantores golpistas têm acesso a Planalto e instalações militares

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Foto: Reprodução/Twitter

Alvos de operação da Polícia Federal, apoiadores de Jair Bolsonaro que preparavam para 7 de setembro um “levante” – palavra usada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – contra o Supremo Tribunal Federal reuniram-se com o próprio presidente, ministros, auxiliares do Planalto e parlamentares aliados nos últimos dias. Nas redes sociais, eles mostram acesso a gabinetes de ministérios e até peregrinação por quartéis das Forças Armadas.

Os cantores Sérgio Reis e Eduardo Araújo reuniram-se com Bolsonaro na quinta-feira, 12, fora da agenda do presidente. Em público, o que apareceu foi um vídeo de uma cantoria improvisada. Os artistas são dois dos alvos da investigação que resultou em buscas autorizadas pelo STF em endereços de pessoas ligadas ao ato planejado para a véspera do Dia da Independência. De acordo com a apuração da PGR, seria um “levante” com “atos violentos de protesto”.

No dia seguinte ao encontro com o presidente, Sérgio Reis discursou na sede Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) afirmando que seu grupo pretendia parar o Brasil por 72 horas e que, se o presidente do Senado “não fizer nada” em relação ao pleito de destituir ministros do Supremo “ninguém anda no País”.

Sérgio Reis estava acompanhado por Eduardo Araújo e pelo caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes. Conhecido como Zé Trovão, Marcos já apareceu em vídeo falando em “fechar Brasília” e incitando adeptos a “invadir o STF e o Congresso” caso o pedido para exoneração dos ministros não fosse atendido.

Em um vídeo datado de março, no que poderia ser uma semente do 7 de setembro, Zé Trovão convoca população para montar “acampamentos” em todo o país pedindo “intervenção militar com Bolsonaro no poder”. “É acampamento, definitivo, pelo tempo que for necessário, para que nossas ações sejam entendidas pelos grandes generais desse país. Estamos juntos com nosso presidente Bolsonaro e não arredaremos os pés, porque ele é o único que está lutando pela nossa pátria”, declarou. “O povo exige intervenção militar já, com Bolsonaro no poder.”

Outro investigado, Turíbio Torres publicou fotos na última semana com o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da República, e com Gilson Machado, do Turismo. As publicações do investigado sugerem acesso fácil a gabinetes de autoridades do governo. O bolsonarista também posou com o tenente Mosart Aragão, assessor especial de Bolsonaro.

O grupo pretendia tomar metade das faixas de trânsito da Esplanada com caminhões e se estabelecer no entorno dos ministérios e da Praça dos Três Poderes. O plano era permanecer o tempo que fosse necessário até que os pedidos fossem atingidos. Ao STF, a PGR sublinhou que não se tratava de mera retórica política, mas de atos que poderiam “atentar contra a democracia”.

“O objetivo dos investigados, conforme se vê da manifestação da PGR, é ‘dar um ultimato no presidente do Senado’, ‘invadir o prédio do STF’, ‘quebrar tudo’ e retirar os magistrados dos respectivos cargos na ‘marra’”, relata o ministro Alexandre de Moraes, na decisão.

Na internet, os investigados demonstravam ter simpatia de deputados bolsonaristas com os quais buscavam “orientação”. Após a motociata realizada em Santa Catarina, em 7 de agosto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, Turíbio Torres postou foto no Instagram ao lado da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), Juliano Martins e Trovão. Na legenda, Torres disse: “Carla Zambelli tirando nossas dúvidas sobre o movimento do dia 7 de setembro”.

 

No mesmo evento, Zé Trovão publicou um vídeo com Zambelli, em que ela diz: “depois eu vou passar por lá (Brasília), espero ver vocês, sei da pauta de vocês, Zé Trovão é um cara correto”. Segundo o Estadão apurou, os investigadores devem questionar os envolvidos sobre eventual participação e apoio dela. Os alvos do STF também posaram para fotos com o deputado Nelson Barbudo (PSL-MS), em evento da Frente Parlamentar da Agropecuária, e Gabriele Olivi, Secretaria Especial de Articulação Social, no Palácio da Alvorada.

Integrantes do movimento investigado também percorreram quartéis das Forças Armadas para dar ciência sobre o planejamento do ato. A informação consta em vídeo publicado em 12 de agosto no canal do Youtube gerido por alguns dos líderes.

Na gravação, Bruno Henrique Semczeszm, um dos alvos da operação desta sexta por suspeitas de integrar o núcleo ideológico do grupo, afirma que “uma equipe do movimento 7 de setembro entregou em Brasília um documento oficial informando os comandantes das três Forças Armadas sobre a realização do evento”.

Em seguida, aparece Wilson Koressawa, em frente ao Quartel General do Exército dizendo que protocolou os documentos também para os comandos da Marinha e da Aeronáutica. “Isso aqui é para demonstrar a seriedade do nosso trabalho”, afirma.

Koressawa se apresenta como ex-juiz e ex-promotor de Justiça e já disputou ao menos três eleições para deputado distrital. Ele funciona como uma espécie de assessor jurídico do movimento e não foi alvo de mandado do STF. Em meados de 2020, recebeu o apoio do grupo “300 do Brasil”, da militante Sara Giromini, ao protocolar no Superior Tribunal Militar (STM) pedidos de prisão de vários governadores e de ministros do STF.

As publicações dos investigados nas redes sociais demonstram o roteiro do grupo para o 7 de setembro, em Brasília. A concentração estava prevista para a véspera, dia 6, no Parque Leão, em Samambaia, região administrativa do Distrito Federal. De lá, o grupo desceria para a Esplanada dos Ministérios para montar acampamento, com a instalação de caminhões e motor-homes em seis faixas do eixo monumental.

Além dos descampados da Esplanada dos Ministérios, eles pretendiam fincar acampamento nas imediações do “Bosque dos Constituintes”, que fica ao lado do Supremo Tribunal Federal, local que ameaçavam invadir.

No planejamento do grupo, a alimentação do acampamento será feita em uma cozinha comunitária a ser instalada em uma área do Rotary Club. Ao determinar o cumprimento de mandados de busca e apreensão, o ministro Alexandre de Moraes também proibiu a realização do evento em ruas e monumentos do Distrito Federal.

Estadão  

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