
Líder do governo vai depor na CPI na quinta-feira
Foto: Reprodução/ Internet
Com o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), decidido a entregar em dois meses seu parecer final, até meados de outubro, a investigação parlamentar sobre a pandemia terá nesta semana um de seus principais capítulos, quando ouvirá, na quinta-feira, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
O nome dele teria sido mencionado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, segundo depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF). Trata-se do elemento mais comprometedor da conduta do presidente encontrado pela CPI até agora.
Hoje, o colegiado aguarda o depoimento do presidente do Instituto Força Brasil, Helcio Bruno de Almeida. Coronel da reserva, ele teria sido o responsável, de acordo com representantes da empresa Davati no Brasil, por intermediar um encontro entre eles e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco. Na ocasião, discutiu-se a oferta de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, que teriam a companhia americana como intermediadora – a mesma, contudo, jamais conseguiu provar ter as doses e a AstraZeneca alegou só realizar negociações de imunizantes diretamente com governos.
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia concedeu ontem ao coronel o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. A princípio, Helcio Bruno de Almeida queria autorização para não comparecer à CPI, mas a ministra negou, determinando que ele preste depoimento e diga a verdade sobre fatos que não o incriminem.
Amanhã, os senadores ouvirão Jailton Batista, presidente da Vitamedic Indústria Farmacêutica, que falará sobre a venda de medicamentos do chamado “kit-covid”, que não têm eficácia comprovada contra a covid-19. A Vitamedic foi alvo de um requerimento de informações aprovado em junho pela comissão, no qual consta que apenas as vendas da ivermectina da empresa saltaram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões em 2020. O preço médio da caixa com 500 comprimidos também disparou de R$ 73,87 para R$ 240,90.
Ao Valor, Barros afirmou estar tranquilo para sua participação. Ele reclamou da postura da cúpula da CPI, que, em sua avaliação, tenta associar seu nome às supostas irregularidades envolvendo compra de vacina desde o início dos trabalhos. “Vou esclarecer tudo. Não participei das negociações da Covaxin”, garantiu.
O maior complicador da situação de Barros é justamente Bolsonaro. Luis Miranda afirmou ter ouvido do presidente que as pressões indevidas para fechar negócio com a Covaxin, por meio da Precisa, eram “rolo do Barros”. O deputado foi ministro da Saúde quando outra empresa dos donos da Precisa, a Global, deu um calote de R$ 20 milhões no governo brasileiro. Bolsonaro jamais desmentiu Luis Miranda, que deixou no ar que poderia ter gravado a conversa com o presidente para desmenti-lo, se necessário.
Os próximos passos da CPI após o depoimento de Barros ainda estão em discussão, mas está claro que agora a corrida é para focar nas revelações já feitas e apresentar um relatório robusto. O “deadline” de Renan até outubro foi repassado a assessores parlamentares. Com isso, a comissão deve mesmo concluir suas investigações antes do prazo final, que estava previsto para novembro deste ano.
Segundo fontes, a antecipação tem relação com o esvaziamento da CPI. Isso porque, para alguns integrantes da comissão, o recesso parlamentar e o avanço da vacinação contra a covid-19 conseguiram minimizar os holofotes sobre os trabalhos.
Mesmo dentro do chamado “G7”, grupo majoritário formado por senadores independentes e de oposição, a análise é que a comissão não conseguiu ainda produzir elementos que sustentem um indiciamento da cúpula do governo Jair Bolsonaro, ainda que as revelações tenham trazido enorme desgaste à gestão.
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