Lula e PSB confirmam aliança para 2022
Foto: Reprodução
O giro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por seis Estados do Nordeste começou por Pernambuco, onde o petista teve uma série de encontros nos últimos dois dias, no movimento de atrair e consolidar o apoio do PSB para a aliança de sua candidatura ao Planalto.
No domingo, Lula jantou com o governador Paulo Câmara – que tentará emplacar o sucessor no cargo em 2022 – e o prefeito do Recife, João Campos, que se elegeu no ano passado depois de enfrentar uma disputa muito acirrada contra a petista e deputada federal Marilia Arraes, sua prima. Com as feridas da campanha, Campos vinha demonstrando ser refratário à aliança com o PT, mas se fotografou, sorridente, com Lula e o governador, depois do jantar no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. A viagem de Lula na região continua hoje pelo Piauí e vai até o dia 26 deste mês.
Ausente do encontro, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou ao Valor que ainda haveria “resistência aqui e ali” no partido em relação à aliança nacional com o PT e que o PSB só decidirá oficialmente o assunto no ano que vem, até abril, quando a legenda organizará seu congresso nacional.
A sigla esboçava se alinhar à candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) mas se reposicionou com a volta de Lula ao jogo eleitoral em 2022 e procura barganhar contrapartidas com o PT, em troca do apoio nacional. Siqueira lembra que além do apoio ao candidato a governador em Pernambuco – o pré-candidato é o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio – o PSB espera contar com a ajuda do PT em outros três Estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo., “Tanto eles precisam do nosso apoio assim como nós vamos precisar em alguns Estados também. É natural essa relação de apoio recíproco”, disse Siqueira.
Além do apoio direto, o PSB reivindica um maior engajamento do PT na atração de aliados, como é o caso do Rio de Janeiro, onde o pré-candidato da legenda é o deputado federal Marcelo Freixo. Um dirigente da sigla reconhece que a agremiação não levará “o pacote inteiro de Estados” mas que o PT precisa atender a “uma cesta de pedidos” além de Pernambuco, que é o QG e a joia da coroa do PSB.
Entre essas demandas está o trabalho de buscar a adesão do PSD e do grupo político do prefeito do Rio Eduardo Paes. Para esse pessebista, Paes não está aderindo à candidatura de Freixo. “Não sinto dúvida, sinto resistência”, diz. O prefeito tem seu próprio pré-candidato à disputa, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Siqueira também menciona o Rio como uma das peças na negociação com o PT, que em sua opinião deveria “levar o PSD, o Eduardo Paes, a apoiar o Freixo”. O presidente nacional do PSB diz que as conversas com Paes “estão embrionárias, mas precisam ser aprofundadas”. “Inclusive precisam ser ajudadas, se o PT vai querer apoio [do PSB] precisa ajudar nisso porque isso é muito importante. Porque ele [PT] existe lá [no Rio] e as relações entre eles e o Eduardo Paes, pelo que sei, são boas. Se juntar com o PSD lá, com Eduardo Paes, aí tem outra dimensão a candidatura [Freixo]. Ganha uma dimensão mais favorável”, afirma Siqueira.
Freixo saiu do Psol, onde era a principal estrela do partido no Rio, e filiou-se ao PSB sob as bênçãos de Lula e de olho num movimento para o centro em que pudesse atrair o grupo do prefeito da capital. No Rio, porém, a prioridade do PT é a candidatura presidencial de Lula e também os votos da centro-direita representada por Eduardo Paes.
Líder do PT fluminense, o ex-prefeito de Maricá Washington Quaquá, também vice-presidente nacional da legenda, afirma que o partido não tem posição ainda e que na conversa com Freixo, desde o início, “uma das questões colocadas” era a necessidade de o deputado ampliar sua aliança para além da esquerda.
Se o parlamentar não conseguir o apoio de Paes, uma das saídas, afirma Quaquá, é a de Lula ter mais de um palanque estadual, para agregar os votos de Freixo, Santa Cruz e, eventualmente, o do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), um ex-petista. “O projeto do PT é isolar ao máximo e derrotar o Bolsonaro”, diz o petista.
Questionado sobre o risco de o PSB não apoiar o PT nacionalmente, prejudicando Lula, o dirigente rebate. “Se eles não nos apoiarem, também não vamos apoiá-los em lugar nenhum”, afirma.
Em São Paulo, a aproximação é mais complicada porque os petistas já têm como pré-candidato o ex-prefeito da capital do Estado Fernando Haddad. O PSB sugere uma aliança com o ex-governador Márcio França (PSB) que também pode ser vice numa chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB para o PSD.
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