Por amores, venceremos

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Há um certo maniqueísmo típico de momentos difíceis da história. A defesa de uma posição ideológica que acreditamos justa nem sempre é correspondida por uma boa estratégia que nos alivie a ponto de enxergar luz no fim do túnel. Alguns vão se desesperar muito e não ver saída à vista. A esses o comum é chamá-los de pessimistas.

Outros enxergam as dificuldades, mas não a ponto de entregar os pontos e assim mantém uma fé inabalável na vitória final. O comum é dizer sobre eles: otimistas.

Pessimistas no diagnóstico, otimistas na ação. A frase é atribuída a Antonio Gramsci, pensador marxista italiano.
Frei Betto, conhecido religioso militante dos movimentos sociais, prefere a frase: “Deixemos o pessimismo para dias melhores”.

Seja um, seja outro, o fato é que a subjetividade joga um papel importante em nossas análises e decisões. No contexto de uma pandemia, isso cobra um preço ainda maior.

Se me perguntam – e muitos me perguntam- o quê fazer?, sinceramente digo: não sei. Ou, bebendo em berço grego, só sei que nada sei; ou ainda, lacanianamente, tenho como todo mundo “um saber que não se sabe”.

Como enfrentar Bolsonaro? Como tirar dos ombros da nação esse pesado fardo, gerador de mortes e retrocessos civilizatórios? Boa pergunta. Devemos fazê-la todos os dias até que o cansaço dos pessimistas nos alcance ou que o otimismo da coragem nos projete rumo à vitória sobre o mal.

Não há cartilha que determine o caminho certo e seguro. A única indicação mensurável é não deixar de lado a dignidade e o espírito de luta. Sim, por que uma hora chegará em que a alegria, a solidariedade e os amores cruzarão as ruas em felizes e intermináveis abraços de almas.

Marco Piva é jornalista e apresentador do programa Brasil Latino na Rádio USP 93,7 e Rádio Brasil Atual 98,9.

Redação 

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