Psicanalista diz que Bolsonaro exibe tanques pra esconder impotência

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Foto: Reprodução

Um comboio de veículos blindados, com tanques de guerra e lança-mísseis, vai atravessar a Esplanada dos Ministérios e estacionar no Palácio do Planalto nesta terça (10). A entrega de um convite para o presidente assistir a um exercício das Forças Armadas é uma tentativa de Bolsonaro demonstrar força em meio à crise que atinge seu governo.

A informação, adiantada pela colunista do UOL, Thaís Oyama, aponta, na verdade, o contrário: a frágil masculinidade de Jair e sua impotência diante do cargo que ocupa.

“Isso remonta aos rituais de exibição de potência e força, típico dos regimes autoritários e totalitários que precisam mostrar uma exuberância do poder tangível. Precisam estar sempre ostentando uma arma, uma motocicleta, um tanque para provar a sua força.”

A avaliação é de Christian Dunker, psicanalista, professor titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP.

Para ele, isso é a tentativa de enraizar em uma pessoa a imagem de um poder maior do que ela realmente tem ou acha que tem.

“Quando o governante vê o seu poder e, logo, a sua virilidade ameaçada (porque faz essa circulação libidinal de uma coisa com outra), inventa um ritual de exibição pública, muitas vezes fora de hora. A ‘bravata’ pode ter efeitos reais, mas vai se mostrando ridícula porque todos percebem o que ela significa”, analisa Dunker.

Exibições de tanques e mísseis gigantes, eretos, apontados para o alto, são comuns da ditadura da Coreia do Norte ou dos piores momentos do extinto regime da União Soviética, liderados por ideologias que Jair diz combater.

Exibição de veículos de guerra é forma de compensar potência que falta ao governo
A “bravata” vai ocorrer no dia em que o plenário da Câmara dos Deputados deve analisar a proposta de emenda constitucional que prevê a introdução da impressão do voto em 2022. A tendência é que o tema não alcance os 308 votos necessários para sua aprovação.

Bolsonaro ameaçou com a não-realização das eleições caso a PEC não fosse aprovada, atacando o Tribunal Superior Eleitoral e xingando repetidas vezes o presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso. O general Braga Netto, ministro da Defesa, chegou a ameaçar o Congresso Nacional pela aprovação do voto impresso – pressão que ajudou a enterrar de vez a ideia na comissão especial que analisava o tema por 23 votos a 11.

A exibição de máquinas de guerra, segundo Christian Dunker, “é uma forma de esconder uma impotência, uma incapacidade, uma limitação de se organizar para garantir o mínimo básico que se espera de um governo”. Neste caso específico, ter evitado que o país chegasse ao patamar de 563 mil mortes por covid-19 e a 14,8 milhões de desempregados.

A questão também aponta um paradoxo uma vez que se trata de uma pessoa que gosta de cultivar publicamente uma imagem muito viril, mas, que no fundo, desmente o propósito consciente da própria imagem. Até porque quem detém poder de fato não precisa recorrer a esses artifícios sistematicamente para lembrar os outros disso.

Na vida cotidiana, isso é equivalente a alguém que, sentindo-se inferior ou frustrado, compra um carrão esportivo para projetar a potência que lhe falta.

Segundo o psicanalista, quando você está em um ambiente com pessoas que percebem o quão constrangedora é essa situação, tende a ser avisado de que isso vai dar na vista. O chamado #ficadica. Mas no caso do presidente da República provavelmente ele não conta com um entorno que entenda a complexidade disso e acredita que ninguém vai perceber.

Ou pior: o ambiente entende muito bem o significa e as consequências disso, mas aposta que o teatro vai criar um impacto simbólico, não com os líderes dos Poderes Legislativo e Judiciário, mas com o público mais fiel de bolsonaristas-raiz, extasiados com a exibição da potência de seu líder.

Uol  

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