Taleban está matando quem protesta contra
Foto: Reprodução
O Taleban enfrentou hoje os primeiros protestos de rua contra sua tomada de poder no Afeganistão, com manifestações em pelo menos duas cidades.
Soldados talebans dispararam contra a multidão e espancaram manifestantes e jornalistas em Jalalabad, segundo o jornal The New York Times. A agência Reuters, citando testemunhas, informou que três pessoas morreram, sem especificar as circunstâncias. Segundo a Al Jazeera, doze ficaram feridas.
Taliban fighters reportedly opened fire at protesters in Afghanistan’s Jalalabad who took to the streets demanding the reinstallation of the national flag.
At least 2 people have been killed and 12 injured in the clashes. pic.twitter.com/8jGtLfxKRl
— Al Jazeera English (@AJEnglish) August 18, 2021
Social media footage appears to show a crowd fleeing from gunshot fire while protesting against the use of the Taliban flag in Jalalabad, Afghanistanhttps://t.co/Q950wmzAga pic.twitter.com/WKTGlC8Qiz
— BBC News (World) (@BBCWorld) August 18, 2021
Centenas de manifestantes marcharam pela principal rua comercial, assobiando, gritando e carregando bandeiras da República Afegã. Os combatentes do Taleban atiraram para o ar para dispersar a multidão, mas os manifestantes não recuaram, de acordo com o jornal.
Protest in Jalalabad city in support of National flag.#Afghanistan pic.twitter.com/oxv3GL0hmS
— Pajhwok Afghan News (@pajhwok) August 18, 2021
O Taleban havia assumido o controle da cidade, um centro comercial perto da principal fronteira com o Paquistão, quatro dias antes, sem muita resistência, depois que um acordo foi negociado com os líderes locais. Esta semana, o grupo tem saído em grande número, patrulhando a cidade em picapes confiscadas da agora extinta força policial.
Em Khost, no sudeste do país, também ocorreram manifestações.
A resposta do Taleban à manifestação em Jalalabad mostra que a tentativa dos líderes do grupo de se vender como “moderados” para facilitar seu reconhecimento pela comunidade internacional pode não ser verdadeira.
Ontem, em sua primeira entrevista coletiva após a tomada do poder, o porta-voz do grupo fundamentalista disse que o grupo não quer nenhum inimigo e que perdoa “todos aqueles que lutaram contra nós”. Segundo ele, “a guerra afegã acabou”.
“Queremos assegurar que o Afeganistão não seja mais um campo de batalha. Perdoamos todos aqueles que lutaram contra nós, as animosidades acabaram. Não queremos inimigos externos nem internos”, disse Zabihullah Mujahid.
Dezessete pessoas ficaram feridas hoje em um tumulto no portão do aeroporto na capital afegã, Cabul, disse um oficial de segurança da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), citado pela agência Reuters.
O tumulto ocorreu em meio à intensificação das operações de evacuação que países ocidentais têm feito para tirar seus cidadãos do país depois que o Taleban tomou Cabul.
O Taleban disse que deseja a paz, não se vingará de velhos inimigos e respeitará os direitos das mulheres no âmbito da lei islâmica. Mas milhares de afegãos, muitos dos quais ajudaram as forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos ao longo de duas décadas, tentam deixar o país.
Mais de 2,2 mil diplomatas e outros civis foram evacuados do Afeganistão em voos militares, disse um oficial de segurança das forças ocidental à Reuters.
O funcionário não deu detalhes de quantos afegãos estavam entre as mais de 2.200 pessoas evacuadas, nem ficou claro se essa contagem incluía mais de 600 homens, mulheres e crianças afegãos que voaram no domingo, amontoados em uma aeronave de carga americana.
A Grã-Bretanha disse que resgatou cerca de mil pessoas, enquanto a Alemanha transportou 130 pessoas. A França disse que retirou 25 de seus cidadãos e 184 afegãos, e a Austrália disse que 26 pessoas chegaram em seu primeiro voo de volta de Cabul.
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