Bolsonaro tenta arrumar caminho para não aumentar gasolina
Foto: Reinaldo Canato/VEJA.com
Cresce a pressão na Câmara sobre Jair Bolsonaro para mudar o rumo da política de preços da Petrobras. A empresa está no alvo dos deputados de diferentes partidos que, em campanha pela reeleição, não conseguem explicar aos eleitores porque se paga R$ 130 por um botijão de gás e R$ 8 por litro de gasolina, em algumas regiões.
Tudo o que Bolsonaro não quer é, pela ordem, um choque com a Câmara, especialmente com o Centrão liderado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa. Em segundo lugar, não gostaria de chegar a 2022 — e faltam apenas 92 dias — num cenário de alta contínua dos preços dos derivados de petróleo e, muito menos, em meio a um ambiente de incertezas sobre o abastecimento de energia, causadas pela seca.
Ontem, ele chamou o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Conversaram, como disse, “sobre a nossa Petrobras, o que podemos fazer para melhorar, diminuir o preço na ponta da linha.” Cobrou, em público: “Onde está a responsabilidade?”.
Joaquim Luna e Silva, presidente da Petrobras, respondeu com argumento de que só é responsável por uma fatia menor (um terço) do preço que o consumidor paga pela gasolina.
Essa mesma resposta ele repetiu, com variações, durante uma sessão de cinco horas no plenário da Câmara, dez dias atrás. Fracassou em convencer os deputados sobre a transparência da Petrobras na composição dos seus preços para os derivados de petróleo.
Lira criticou o “estado de letargia e inércia [no governo] em relação ao que está acontecendo [com preços dos derivados].” E anunciou medidas para obrigar a Petrobras a expor em detalhes a sua política de preços para gasolina, diesel e gás, que é vinculada aos valores do barril de petróleo e do dólar.
A reação de Bolsonaro, ontem, foi consequência da pressão política crescente. Na Câmara, em bancadas do governo e da oposição, já se fala até numa nova CPI da Petrobras, com lupa sobre negócios no mercado de gás.
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