Bolsonaro tenta desfazer problema que provocou
Foto: Joédson Alves/EFE
Com paralisações de caminhoneiros registradas em ao menos 13 Estados, o governo se mobilizou na noite desta quarta-feira, 8, para tentar conter os protestos. O próprio presidente Jair Bolsonaro gravou um áudio e o ministro de Infraestrutra, Tarcísio de Freitas, um vídeo para tentar desmobilizar os manifestantes.
Além dos atos a favor do presidente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuava para desbloquear os trechos de rodovias em outros três Estados onde também foram constatados “pontos de concentração”, com “pautas regionais, indígenas e de produtores locais”, mas sem ligação com o movimento dos caminhoneiros.
Na mensagem, Bolsonaro trata os caminhoneiros como “aliados” e apela para que os manifestantes desobstruam as vias porque “atrapalha nossa economia”. “Fala para os caminhoneiros aí que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Dá um toque nos caras aí para liberar. Deixa com a gente em Brasília aqui agora. Não é facil negociar com outras autoridades, mas vamos fazer nossa parte, vamos buscar uma solução para isso”, afirma o presidente no áudio.
Os bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro, e se seguiram durante o dia. A pauta dos manifestantes é a defesa do governo federal e contrária ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em um vídeo também divulgado na noite desta quarta-feira, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirma a autenticidade do áudio enviado pelo presidente e reforça o apelo para que liberem as vias. “Esse áudio é real, é de hoje, e mostra a preocupação do presidente com a paralisação dos caminhoneiros. A paralisação ia agravar os efeitos na economia, que ia impacatar os mais pobres, os mais vulneráveis. Já temos hoje um efeito no preço dos produtos em função da pandemia”, diz Tarcísio.
Em nota divulgada às 0h30, o ministério informou que a PRF registrava pontos de concentração em rodovias federais em 15 Estados.
São eles: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.
Ainda segundo a PRF, os pontos de bloqueio registrados no Rio Grande do Sul e São Paulo foram liberados. “Há duas ocorrências de interdição em Minas Gerais e a PRF já está no local atuando”, diz em nota.
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo, houve paralisação de caminhoneiros na Rodovia Anhanguera, no km. 188. Já o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) informa que houve uma manifestação de caminhoneiros em Angatuba, na SP-270 (km 204).
Na contramão do pedido do presidente, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes – conhecido como Zé Trovão – publicou um vídeo nas redes sociais apelando para Bolsonaro reconsiderar a mensagem enviada por áudio. “Presidente, o povo precisa do senhor. Estivemos na rua em maio, no dia 1º de maio, 15 maio, 1º de agosto. O senhor é nossa última salvação, porque estamos do lado do senhor. Vamos trancar todo o Brasil porque estamos do lado do senhor”, disse.
Mais cedo ele pediu, em outro vídeo, para que os manifestantes bloqueiem “todas bases brasileiras” a partir das 6h desta quinta-feira, 9. “Estão brincando com a democracia, nos tirando para otários e ninguém vai passar o resto da vida nas ruas parados não. Precisamos resolver o problema do País agora, neste semana”, diz Gomes. “Tem gente ligando ai mandando desmobilizar as paralisações, mas não vamos aceitar. Fecha tudo.”
Gomes é considerado foragido após ter uma ordem de prisão expedida contra ele na sexta, 3, no âmbito de um inquérito aberto para investigar a organização de manifestações violentas no feriado. A mesma investigação resultou na prisão do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza. No caso do Rio de Janeiro, a PRF comunicou que a ideia dos caminhoneiros é convencer os demais motoristas de caminhão a aderir a uma paralisação que seguiria até o fim da quinta-feira, 9.
Um dos líderes do movimento intitulado de Caminhoneiros Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão”, disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais.
Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vídeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido. Ele não foi localizado nesta quarta-feira.
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