Lira dá nova desculpa para barrar impeachment

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em um pronunciamento gravado de 4 minutos e 40 segundos, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse ontem que “é hora de dar um basta a esta escalada” de conflitos e não deu margem para especulações sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro – há 136 pedidos esperando decisão. Segundo ele, o único compromisso inadiável e inquestionável que o país tem no calendário é com as eleições de 2022, “com as urnas eletrônicas”.

Lira passou o dia em articulações. Antes de gravar o pronunciamento, conversou com líderes partidários, inclusive os de oposição, e decidiu realizar sessões de plenário para dar espaço ao debate político em torno dos atos de 7 de setembro.

No Senado, as sessões foram canceladas “por falta de clima político”. Os parlamentares aprovaram requerimentos de urgência para três projetos sobre as eleições e deixaram para votar o mérito hoje, junto com o Código Eleitoral.

O presidente da Câmara reuniu-se, após o pronunciamento, por cerca de 40 minutos com os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Governo, Flávia Arruda, em seu gabinete para avaliar o cenário político atual e as consequências das manifestações. Os ministros pediram a líderes partidários a continuação das votações e um clima de normalidade. Ele saiu de lá acompanhado por Nogueira diretamente para um encontro com ministros do Supremo, mas não se reuniu com o presidente da Corte, Luiz Fux.

Fux fez um convite a Lira ainda na terça-feira para uma reunião, segundo um parlamentar aliado do deputado do PP. O presidente da Câmara aceitou o encontro, mas pediu um lugar “neutro” porque não queria o simbolismo de ir ao prédio do STF se reunir com seu presidente no dia seguinte aos protestos, o que poderia ser mal interpretado no Executivo. Lira e Fux reuniram-se várias vezes nas últimas semanas para tratar do parcelamento de precatórios (dívidas judiciais) pelo governo, mas o novo encontro ainda não tem data.

No pronunciamento, gravado no gabinete e sem espaço para perguntas da imprensa, Lira falou em tom ameno, exaltando aqueles que foram as ruas de forma pacífica e sem mencionar diretamente Bolsonaro. Ele defendeu harmonia entre os Poderes e disse que esperou para se pronunciar para não ser contaminado pelos ânimos “aquecidos”. “A Câmara está aberta a conversas e negociações para serenarmos. A Câmara apresenta-se hoje como motor da pacificação. Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder”, afirmou.

Disse, ainda, que “é hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito ‘looping’ negativo”, de conflitos entre os Poderes. “Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”, pontuou o presidente da Câmara, indicando influências da crise institucional na economia, no dólar e no preço da gasolina.

Na parte mais incisiva em relação a Bolsonaro, mas sem citá-lo nominalmente, Lira reclamou da insistência na pauta do voto impresso, derrotada pelo plenário da Câmara mês passado. “Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas – como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”, afirmou. O único compromisso inadiável e inquestionável que o país tem no calendário é com as eleições de 2022, “com as urnas eletrônicas”, disse.

Lira tinha recebido a promessa de Bolsonaro de que, se pautasse a proposta de emenda constitucional (PEC) do voto impresso em plenário, o presidente pararia de insistir no tema caso o projeto fosse derrotado. Ele adotou uma prática inusual e colocou o projeto em votação, apesar do parecer contrário da comissão especial, e a PEC não teve votos suficientes para aprovação.

Apesar disso, Bolsonaro voltou a insistir diversas vezes no projeto, defender que as urnas não são seguras, embora ele próprio tenha admitido não ter prova de fraude, e ameaçar que as eleições de 2022 podem não ocorrer sem a impressão de comprovantes do voto.

Valor Econômico

 

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf